por um forte tom político, além de trazer características do Realismo Fantástico, já que coisas reais e irreais acontecem com a mesma naturalidade.
A obra se passa em uma pequena cidade do Rio Grande do Sul, tão pequena que nem consta no mapa, Antares.
Com uma linguagem irônica, perpassada de humor e ao mesmo tempo de crítica social, Érico Veríssimo traz neste romance uma análise da sociedade de Antares em uma comparação à própria sociedade brasileira.
Em 1963, as famílias mais tradicionais da cidade, os Campolargo e os Vacariano, lutam pelos privilégios de sua classe oligárquica ao mesmo tempo que tem confrontos com as novas ideias políticas que estão surgindo, principalmente o comunismo, crescente na classe operária de Antares.
O livro é dividido em duas partes. Na primeira parte, temos um panorama da situação política e social da cidade, os grupos políticos, a apresentação dos personagens e a revelação dos interesses de cada um.
Na segunda parte, acontece o "incidente" do título da obra.
Acontece uma greve geral em Antares, e por consequência, uma paralisação total dos trabalhadores. Neste mesmo dia, 7 pessoas morrem e ficam insepultas porque os coveiros também entram de greve. À noite, os mortos levantam-se do caixão e reunidos, resolvem voltar a Antares para reivindicar seu direito de sepultura.
São eles:
- Quitéria Campolargo: a matriarca da cidade, que morreu do coração;
- Barcelona: o sapateiro anarquista, também vítima de um ataque cardíaco;
- Cícero Branco, o influente advogado vitimado por um AVC;
- João Paz, comunista que foi torturado até a morte pela polícia;
- Pudim de Cachaça, bêbado envenenado pela mulher;
- Menandro Olinda, o genial pianista, gravemente deprimido, que se suicidou, cortando os pulsos;
- Erotildes, prostituta, vítima de tuberculose e que não foi atendida a tempo pelos médicos
O que marca toda essa movimentação é uma “assembleia” ao meio-dia de uma sexta-feira, 13 de dezembro de 1963, em que os mortos convocam toda a cidade e resolvem falar todas as verdades que sabem, incluindo os políticos e autoridades corruptas e os crimes das pessoas. Como estão mortos, não temem represália nenhuma, já que estão livres de qualquer castigo.
Ana Paula Araújo para Infoescola
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