Ele chegou num avião da FAB, mandado pelos rapazes da Proteção aos Índios, numa derradeira tentativa de salvação. É um dos pouquíssimos remanescentes de uma tribo que se acaba - fala-se em meia dúzia de indivíduos - os turumais. Mationã, o índio, tem uns oito anos; pareceia um bichinhonmoribundo quando o vi pela primeira vez, deitado num leito branco, de uma magreza espantosa, o olhar vidrado, comatoso, um gemido monocórdio lhe saindo da boca chagada de febre, a mãozinh seca feito uma garra de pássaro abrindo-se e fechando no ritmo do gemido. Segurei-lhe a mão e ele cerrou com força os meus dedos. Gemeu mais alto. Sei que saí dali chorando. No dia seguinte passávamos pelo hospital, vimos uma luz no necrotério. O doutor ao meu lado calculou que seria o índio. Mas não era. Semana atrás semana, parecia ainda que seria ele o ocupante da sinistra capelinha; nunca se viu um ataque tão violento de febre maligna num corpinho tão débil....