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Mostrando postagens com o rótulo Fábula

A Águia e a Flecha, fábula de Esopo

     Uma águia sentou-se empoleirada numa rocha alta, mantendo um olhar aguçado para a presa. Um caçador, escondido numa fenda da montanha e à espreita da caça, espiou-a e disparou uma flecha contra ela. A flecha atingiu-a no peito e furou-a por completo. Deitada  na agonia da morte, ela virou seus olhos para a flecha, e lamentou: - "Ah! Que destino cruel ao morrer assim! Mais cruel ainda é que a flecha que me mata é alada com penas de uma águia." Moral da história : Damos aos inimigos os meios para a nossa própria ruína. Sec.VI a.C

O Burro, O Tigre e a Grama Azul (Fábula)

Um burro diz a um tigre que a erva é azul! "Não" retorque o tigre, "é verde"! A troca de ideias fica azeda e resolvem recorrer ao Rei Leão para arbitrar a disputa. Bem antes de chegarem à clareira onde o leão descansava, o burro põe-se a gritar - " Vossa Majestade, a erva é azul, não é azul, a erva, Majestade?" O leão responde-lhe: - Sim, a erva é azul! Diz então o burro: "Majestade, o tigre não está de acordo comigo e isso aborrece-me, que castigo lhe darás?" - O tigre será punido com cinco anos de silêncio, diz então o leão, Rei da Selva. O burro regozija e, saltando de contentamento, continua o seu caminho repetindo incansavelmente: " a erva é azul, a erva é azul..." O tigre aceita a punição, mas pergunta ao leão: "Vossa Alteza porque me pune? Não é verde a erva, afinal?" Diz-lhe o leão: - Efetivamente é verde, a erva. "Porque me punis então?" pergunta o tigre. Explica o leão: - Isso não tem nada a ver com a ques...

Clube Errante: O Que Vamos Ler?

O Clube Errante fará 3 leituras conjuntas em 2023. No momento estamos colhendo sugestões para posterior sorteio.    Logo mais às 20 horas o sorteio das leituras para Março, Julho e Novembro Angústia , Graciliano Ramos Ed. Record  - Páginas:368 Lançado originalmente em 1936 e apresentado aqui em novo projeto gráfico,  Angústia  tem como protagonista Luís Silva, funcionário público de Maceió que leva uma vida medíocre e sem grandes emoções até o dia em que se apaixona por Marina. De início, a jovem demonstra certo interesse no relacionamento e no conforto material que o casamento poderia lhe proporcionar, mas logo acaba trocando o noivo por Julião Tavares, mais rico e poderoso. Tomado por ciúmes e rancor, Silva fica perturbado com os acontecimentos que se desenrolam e passa a acompanhar a vida de Marina enquanto sonha em matar Julião. Escrito em primeira pessoa, o romance tem estrutura temporal não linear, seguindo o fluxo de consciência do narrador-persona...

Mudanças Imutáveis, Fábula de Millôr Fernandes

  À maneira dos... chineses.          “Se você não consegue fugir, você é muito corajoso.”         Olin-Pin, abastado negociante de óleos e arroz, vivia numa imponente mansão Kin-Tipê. Sua posição social e sua mansão só não eram perfeitas porque, à direita e à esquerda da propriedade, havia dois ferreiros que ferravam ininterruptamente, tinindo e retinindo malhos, bigornas e ferraduras. Olin-Pin, muitas vezes sem dormir, dado o tim-pin-tin, pan-tan-pan a noite inteira, resolveu chamar os dois ferreiros e ofereceu a eles 1.000 ienes de compensação, para que ambos se mudassem com suas ferrarias. Os dois ferreiros acharam tentadora a proposta (um iene, na época, valia mil dólares) e prometeram pensar no assunto com todo empenho. E pensaram. E com tanto empenho que, apenas dois dias depois, prevenidamente acompanhados de advogado, compareceram juntos diante de Olin-Pin. E assinaram contrato, cada um prometendo s...

Postagens Mais Acessadas de 2021

                                                        Mãe é Quem Fica , Bruna Estrela                                                 Nota de Agradecimento , Newton Moreno: Um lindo texto que viralizou na internet interpretado pela atriz Lilian Cabral , Nota de Agradecimento foi a segunda postagem mais acessada em 2021. Vale reler .                                                  O Gato Vaidoso , Monteiro Lobato,  a terceira postagem mais acessada é uma fábula curtinha e que eu trouxe para o blog em 2018, quando eu nem conhecia a obra de Monteiro Lobato. Continua atual porque as fábulas são atem...

Fábulas de Monteiro Lobato: O Touro e as Rãs

Enquanto dois touros furiosamente lutavam pela posse exclusiva de certa campina,  as rãs novas, à beira do brejo, divertiram-se com a cena. Um rã velha, porém, suspirou. - Não se riam, que o fim da disputa vai ser doloroso para nós. - Que tolice! - exclamaram as rãzinhas. - Você está caducando, rã velha! A rã velha explicou-se: - Brigam os touros. Um deles há de vencer e expulsar da pastagem o vencido. Que acontece? O animalão surrado vem meter-se aqui em nosso brejo e ai de nós!... Assim foi. O touro mais forte, à força de marradas, encurralou no brejo o mais fraco, e as rãzinhas tiveram de dizer adeus ao sossego. Inquietas sempre, sempre atropeladas, raro era o dia em que não morria alguma sob os pés do bicharoco. É sempre assim: brigam os grandes, pagam o pato os pequenos.

O Julgamento da Ovelha, fábula de Monteiro Lobato

Um cachorro de maus bofes acusou uma pobre ovelhinha de lhe haver furtado um osso. - Para que furtaria eu esse osso - alegou ela - se sou herbívora e um osso para mim vale tanto quanto um pedaço de pau? - Não quero saber de nada. Você furtou o osso e vou já levá-la aos tribunais. E assim fez. Queixou-se ao gavião-de-penacho e pediu-lhe justiça. O gavião reuniu o tribunal para julgar a causa, sorteando para isso doze urubus de papo vazio. Comparece  a ovelha. Fala. Defende-se de forma cabal, com razões muito irãs das do cordeirinho que o lobo em tempos comeu. Mas o júri, composto de carnívoros gulosos, não quis saber de nada e deu a sentença: - Ou entrega o osso já e já, ou condenamos você à morte! A ré tremeu: não havia escapatória!... Osso não tinha e não podia, portanto, restituir; mas tinha vida e ia entregá-la em pagamento do que não furtara. Assim aconteceu. O cachorro sangrou-a, espostejou-a, reservou para si um quarto e dividiu o restante com os juízes famint...

O Pastor e o Leão, fábula de Monteiro Lobato

Um pastorzinho, notando certa manhã a falta de várias ovelhas, enfureceu-se, tomou da espingarda e saiu para a floresta. - Raios me partam se eu não trouxer, vivo ou morto, o miserável ladrão das minhas ovelhas! Hei de campear dia e noite, hei de encontrá-lo, hei de arrancar-lhe o fígado... E assim, furioso, a resmungar as maiores pragas, consumiu longas horas em inúteis investigações. Cansado já, lembrou-se de pedir socorro aos céus. - Valei-me, Santo Antônio! Prometo-vos vinte reses se me fizerdes dar de cara com o infame salteador. Por estranha coincidência, assim que o pastorzinho disse aquilo apareceu diante dele um enorme leão, de dentes arreganhados. O pastorzinho tremeu dos pés à cabeça; a espingarda caiu-lhe das mãos; e tudo quanto pôde fazer foi invocar de novo o santo. - Valei-me, Santo Antônio! Prometi vinte reses se me fizésseis aparecer o ladrão; prometo agora o rebanho inteiro para que o façais desaparecer. Moral da história: No momento do perigo é que...

O Leão e o Rato, Millor Fernandes - fábula

       Depois que o Leão desistiu de comer o rato porque o rato estava com espinho no pé (ou por desprezo,mas dá no mesmo), e, posteriormente, o rato, tendo encontrado o Leão envolvido numa rede de caça, roeu a rede e salvou o Leão (por gratidão ou mineirice, já que tinha que continuar a viver na mesma floresta), os dois, rato e Leão, passaram a andar sempre juntos, para estranheza dos outros habitantes da floresta (e das fábulas). E como os tempos são tão duros nas florestas quanto nas cidades, e como a poluição já devastou até mesmo as mais virgens das matas, eis que os dois se encontraram, em certo momento, sem ter comido durante vários dias. Disse o Leão: – Nem um boi. Nem ao menos um paca. Nem sequer uma lebre. Nem mesmo uma borboleta, como hors-d’oeuvres de uma futura refeição. Caiu estatelado no chão, irado ao mais fundo de sua alma leonina. E, do chão onde estava, lançou um olhar ao rato que o fez estremecer até a medula. “A amizade resistiria à fome?” ...

A Morte da Tartaruga,

     O menininho foi ao quintal e voltou chorando: a tartaruga tinha morrido. A mãe foi ao quintal com ele, mexeu na tartaruga com um pau (tinha nojo daquele bicho) e constatou que a tartaruga tinha morrido mesmo. Diante da confirmação da mãe, o garoto pôs-se a chorar ainda com mais força. A mãe a princípio ficou penalizada, mas logo começou a ficar aborrecida com o choro do menino. “Cuidado, senão você acorda seu pai.” Mas o menino não se conformava. Pegou a tartaruga no colo e pôs-se a acariciar-lhe o casco duro. A mãe disse que comprava outra, mas ele respondeu que não queria, queria aquela, viva! A mãe lhe prometeu um carrinho, um velocípede, lhe prometeu, por fim, uma surra, mas o pobre menino parecia estar mesmo profundamente abalado com a morte do seu animalzinho de estimação.      Afinal, com tanto choro, o pai acordou lá dentro e veio, estremunhado, ver de que se tratava. O menino mostrou-lhe a tartaruga morta. A mãe disse: “Está aí assim há duas...

Fábulas segundo Millor Fernandes: A Tartaruga Tagarela

Era uma vez uma tartaruga que vivia num lago com dois patos, muito seus amigos. Ela adorava a companhia deles e conversava até cansar. A tartaruga gostava muito de falar. Tinha sempre algo a dizer e gostava de se ouvir dizendo qualquer coisa.  Passaram muitos anos nessa feliz convivência, mas uma longa seca acabou por esvaziar o lago. Os dois patos viram que não podiam continuar morando ali e resolveram voar para outra região mais úmida. E foram dizer adeus à tartaruga.  - Oh, não, não me deixem! Suplicou a tartaruga. - Levem-me com vocês, senão eu morro!  - Mas você não sabe voar! - disseram os patos. - Como é que vamos levá-la?  Levem-me com vocês! Eu quero ir com vocês! - gritava a tartaruga. - Pensamos num jeito que deve dar certo - disseram - se você conseguir ficar quieta um longo tempo. Cada um de nós vai morder uma das pontas de uma vara e você morde no meio. Assim, podemos voar bem alto, levando você conosco. Mas cuidado: lembre-se de não falar! Se abrir a b...

A Leiteira e o Balde de Leite, Fábula de Esopo

      Joana, carregando na cabeça um balde de leite, dirigia-se rapidamente para a aldeia. A fim de andar depressa, tinha posto uma roupinha ligeira e sapatos bem cômodos.       Ia leve como o vento. Em seu pensamento, já estava vendendo o leite e empregando o dinheiro.       – Compro cem ovos e ponho para chocar. Posso muito bem criar pintos ao redor da casa. Quando crescerem, vendo todos e tenho um bom lucro.      Com esse dinheiro, compro um leitãozinho. Em pouco tempo, terei um porco bem gordo, pois só comprarei o leitão se já for gordinho. Cobro um bom preço pelo porco e compro uma vaca. Terá que vir acompanhada de seu bezerrinho. Será uma graça vê-lo saltar pelo quintal. Joana, entusiasmada, saltou também. O balde caiu de sua cabeça e o leite derramou-se no chão. Adeus bezerro, vaca, porco, leitão, ninhada de pintos!       A pobre Joana voltou para casa e com medo que o marido brigasse com ela. ...

O Rato do Campo e o Rato da Cidade, Fábula de Esôpo.

   Um Rato do Campo convidou seu amigo, o Rato da Cidade, para jantar. Só havia ervas e grãos de trigo para comer. – Sabes, amigo, que levas uma vida de formiga? – perguntou o Rato da Cidade. – Eu, pelo contrário, tenho bens em abundância. Estão todos à tua disposição. Combinaram então um jantar na cidade. O Rato da Cidade recebeu seu amigo com os mais deliciosos alimentos. Os pratos estavam postos sobre um rico tapete. Foi uma festa. O amigo estava encantado e maldizia a sua sorte. De repente, um homem abriu a porta. Apavorados, nossos ratos correram para dentro das frestas. Passado algum tempo, voltaram devagarinho, para pegar passas de figo. Foi quando uma outra pessoa entrou no quarto. Os dois amigos mal tiveram tempo de se precipitar para dentro de um buraco. Então, o Rato do Campo, esquecendo a fome, decidiu-se: – Basta! Tu comes do bom e do melhor, mas ao preço de mil sustos. Por mim, vou continuar roendo trigo cru e cevada, mas sem ter que me defender de ninguém. Quand...

A Astúcia do Cachorro, Aparecido Raimundo de Souza

           No tempo que os animais falavam, conta uma lenda que um cachorro estava no meio da floresta, se banqueteando com restos de ossos quando atrás dele, uma onça faminta, de garfinho, faca e guardanapo no pescoço se preparou para dar o bote. Pressentindo que viraria almoço, o coitado, mais que depressa, pensou rapidamente numa saída. Assim, sem se mover gritou o mais alto que pode:      – HUMM!… QUE ONÇA DELICIOSA ACABEI DE DEVORAR…      Ouvindo essas palavras, a onça se assustou. Ato contínuo abortou o pulo pretendido, deu meia volta e saiu correndo, só parando quilômetros depois, exausta, e à beira de um riacho de águas cristalinas:      – Escapei por pouco, daquele cachorro!…      Entretanto, do alto de um pé de jequitibá um sem vergonha de um macaco assanhado assistiu a tudo.     Dando uma de fofoqueiro, correu a contar sobre o golpe do cachorro:   ...

A Rã Sábia, Monteiro Lobato

     Como a onça estivesse para casar-se, os animais todos andavam aos pulos, radiantes, com olho na festa prometida. Só uma velha rã sabidona torcia o nariz àquilo. O marreco observou-lhe o trejeito e disse: — Grande enjoada! Que cara feia é essa, quando todos nós pinoteamos alegres no antegozo do festão? — Por um motivo muito simples — respondeu a rã. Porque nós, como vivemos quietas, a filosofar, sabemos muito da vida e enxergamos mais longe do que vocês. Responda-me a isto: se o sol se casasse e em vez de torrar o mundo sozinho o fizesse ajudado por dona sol e por mais vários sóis filhotes? Que aconteceria? — Secavam-se todas as águas, está claro. — Isto mesmo. Secavam-se as águas e nós, rãs e peixes, levaríamos a breca. Pois calamidade semelhante vai cair sobre vocês. Casa-se a onça, e já de começo será ela e mais o marido a perseguirem os animais. Depois aparecem as oncinhas — e os animais terão que agüentar com a fome de toda a família. Ora, se um só apeti...

Fábula da Cidade Mascarada, Ronaldo Wrobel

Era um lugar onde todos andavam mascarados. Ninguém podia mostrar o rosto naquela cidade, Sempre tinha sido assim e sempre seria assim. Regras são regras. Quem as violasse morreria apedrejado. Até que um dia aconteceu.      Um homem parou no meio da rua e tirou a máscara. Escândalo na cidade: aquilo nunca havia acontecido! Faltaram pedras para atirar no homem, que fugiu da multidão enfurecida. Qual fim levou? Uns disseram que tinha morrido; outros, que tinha escapado. Com ou sem vida, o homem desmascarado sumiu e a paz voltou à cidade.      Mas nada seria como antes. No princípio, o gesto do homem desmascarado serviu par assustar criancinhas até uma delas perguntar por que todos tinham de usar máscaras na cidade. Ninguém conseguiu responder.      Um dia, um grupo de pessoas decidiu se reunir para discutir ouso das máscaras na cidade. Havia um único consenso no grupo: a admiração pelo homem desmascarado. Fo...