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Mostrando postagens com o rótulo Alma

Me Alugo Para Sonhar, Prefácio de Doc Comparato

 Em latim as palavras "inventar" e "descobrir"são sinônimas. Aliás, segundo Aristóteles a multiplicação destes dois verbos teria como resultado o ato de recordar.      Se não existem invenções ou descobertas, só recordações, o criar torna-se com efeito um admirável exercício de memória. Um incansável esforço do lembrar.      Esta hipótese seria apenas curiosa se não fosse também verdadeira. pois um dos efeitos mais perturbadores do ato de criar é aquele que nos dá a sensação de que não estamos descobrindo nada novo, somente resgatando algo esquecido.      O talento da crianção portanto na maneira que utilizamos para revelar aos outros esta algo, esta história, uma vida, saga ou percepção, que sempre existiu mas que de alguma forma oculta foi esquecida pela humanidade.  ficou adormecida sem emocionar ninguém.      E é exatamente o que você encontrará neste livro: uma jornada cuja missão é o ressuscitar da verdadeira e...

M.P.B Poesia, Alceu Valença

P da Paixão (LP Leque Moleque - 1987) O P da paixão Provoca o poema E o P do poema É um parto, é um parto São poucas pegadas Nas pedras do porto E um poema torto Persegue teus passos O P do passado Provoca o presente É o P do presente Que importa, que importa São poucas palavras Que batem no peito No fundo da alma Na porta da porta

Esperança, Emily Dickinson e Mário Quintana

Esperança, Emily Dickinson    Esperança é a coisa com penas Que se empoleira na alma E canta um som sem palavras E nunca, mas nunca, pára, E mais doce é ouvido no vendaval; E dura precisa ser a tempestade Que poderia desanimar o passarinho Que mantém aquecidos a tantos. Já o ouvi nas terras mais geladas E nos mares mais estranhos, Entretanto nunca, mesmo no desespero, Ele pediu uma migalha a mim. (tradução: Luiz Felipe Coelho)

Conhecendo novos autores: Manuel Alegre.

Minha mãe teve sempre para mim grandes desígnios. Quais eles fossem não sei. Nem ela própria o saberia. Era uma força que vinha de dentro dela, uma obstinação. Ela queria  grandes coisas para mim, um destino, talvez um milagre. Transmitiu-me desde pequeno essa crença em algo de superior que me esperava ou que eu devia cumprir. Talvez por isso vivi sempre uma tensão extrema, creio que muitas vezes à beira da ruptura. Por vezes desorganizava-se, adoecia. Ela não descansava: estava sempre interiormente orientada para um fim. E nunca satisfeita.  Nem consigo nem com os outros. Não sei ao certo o que ela exigia. Nem talvez ela própria soubesse. Sei que me incitava. Era uma fé que quase me obrigava a corresponder, sob pena de eu próprio me considerar um fraco. Não que me estimulasse a ser o melhor, nem sequer a competir. O que ela queria é que eu fosse diferente: o outro, o único. Por ser seu filho . O seu. Sublinhado. Por isso tinha que deixar na vida um sinal, um marco, ...