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Mostrando postagens com o rótulo machismo

Mulheres da Fuvest (8): Júlia Lopes de Almeida - UFRGS resgata seus contos.

A escritora  carioca Júlia Valentina da Silveira Lopes de Almeida (1862-1934), era uma mulher à frete do tempo.  Na época dela não se via mulher no ofício de escritora, como também não em muitas outras atividades, claro. Mas ela escrevia em jornais e  em 1887, lançou o livro “Contos infantis”. Ao todo, Júlia Lopes de Almeida escreveu uns 10 romances. Ela era casada com o poeta português Filinto de Almeida (1857-1945), cofundador da ABL.  Júlia foi uma das idealizadoras, ajudou a criar a Academia, mas foi barrada. Quando os "imortais" foram recebendo suas cadeiras, Júlia Lopes foi barrada. Tinha cérebro, talento, idealizou a instituição, mas "infelizmente" sofria de um defeito gravíssimo: era mulher.  Foi substituida pelo marido.  A cadeira número 3 ficou com o poeta português Filinto de Almeida.  A Fuvest, na tentativa de se desculpar por anos de machismo em que só trazia homens nas suas listas de livros indicados, coloca  Memórias de Martha , qu...

Adalgisa Nery: esquecida pelo machismo estrutural?

Há 35 anos longe das prateleiras, é relançado 'A imaginária', de Adalgisa Nery Livro é misto de ficção e autobiografia sobre a condição feminina e o machismo imperativo. Ângela Faria A intimidade de Adalgisa/Berenice com a morte chega a ser poética. Os capítulos em que a jovem descreve o calvário do marido são pungentes – “aquele corpo de homem atlético e bem conformado, de linhas vigorosas, murchava aos meus olhos como planta cansada”. A quase viúva descreve, serena: “É terrível assistir aos movimentos lentos que a morte faz sobre um corpo (...) O vácuo só tem realidade concreta no segundo que precede à morte”. Despede-se dele sem xiliques: abre o armário e se abraça às roupas do amor de juventude – “os seus ternos, as suas gravatas, as suas camisas deram-me o consentimento para um carinho com intimidade”. Viúva, “tomada do destemor e da coragem de quem nada possui senão a solidão e a amargura”, liberta-se das chantagens da mãe enlouquecida do marido. Sai de casa com os filhos...

A Mendiga e o Samurai

     Conta-se que um bravo samurai viveu na ilha de Hokaido, no norte do Japão. Ele era um senhor feudal  que possuía grandes áreas de terra, tendo, assim, muitos súditos. Tudo adquiriu após diversas batalhas, no comandando as tropas do Imperador.      Certa feita, após uma guerra, voltou para a sua terra natal e decidiu que iria casar-se. Tratava-se de um homem forte e belo e, quando a notícia de que o Samurai desejava casar-se se espalhou, por toda a ilha as mulheres ansiavam por desposá-lo. As mulheres mais bonitas da ilha e de outras ilhas mais distantes o visitavam em seu palácio, sendo que muitas delas lhe ofereceram, além de sua beleza e encantos, muitas riquezas. Nenhuma, contudo,  o satisfez o suficiente para se tornar sua esposa. Um dia, uma jovem maltrapilha e simples  chegou ao palácio do samurai e, com muita luta, conseguiu uma audiência: “Eu não tenho nada material para lhe oferecer, só posso lhe dar o grande amor que sinto por ...

Livros Mais Vendidos Sobre o Afeganistão

  O Caçador de Pipas , Khaled Hosseini. O romance narra a  história  da amizade entre Amir e Hassan, dois meninos que vivem no Afeganistão na década de 1970. Durante um campeonato de pipas, Amir perde a chance de defender Hassan, num episódio que marca a vida dos dois  amigos  para sempre. Vinte anos mais tarde, quando Amir está estabelecido nos Estados Unidos, após ter abandonado um Afeganistão tomado pelos  soviéticos , ele retorna ao seu país de origem e é obrigado a acertar as contas com o passado. A Cidade do Sol .  Khaled Hosseini, Mariam e Laila são duas mulheres com idades, trajetórias e origens opostas que acabam unidas pelas tragédias da  guerra  e as restrições impostas pelo Talibã. Seus destinos se cruzam de forma inexorável, e elas se provarão como suas únicas fontes de alegria, amizade e esperança. Ambas representam uma legião de  mulheres  afegãs que lutam todos os dias pela garantia de seus  direitos  mais ...

Colette, Uma Mulher Que Virou a Mesa.

      Ontem assisti ao filme Colette* julgando ser uma ficção. Foi uma surpresa  saber que era a biografia de uma mulher talentosa que foi roubada e escravizada por um homem inescrupuloso e machista. Apesar  da tristeza de vez uma relação tão ruim, acabei por sentir orgulho de escritora Gabrielle Colette, por ter virado a mesa e marcado a época e a cidade com seu próprio nome.  Vou procurar livros dela com certeza. Sobre Gabrielle Colete, leia a matéria abaixo: A escritora francesa Gabrielle Colette faz aniversário no dia 28 de janeiro. Com uma trajetória vanguardista em meio à sociedade conservadora de Paris no século passado. Ela passou anos na sombra do marido, até o momento em que subverteu as regras do machismo da época e se tornou uma das principais figuras lutando pelo reconhecimento feminino. Primeiros Trabalhos Colette chegou em Paris ao final do século XIX. Menor de idade, casou-se com o crítico e escritor Henry Gauthier-Villars. Durante o re...

Prezado Sargento. Marcelo Valença

Há pouco mais de três semanas nos conhecemos. Você trouxe um olhar de dúvida que encontrou meus ouvidos cansados. Dois noctívagos desconhecidos num canto qualquer nos fundos de um prédio caixão. Você podia passar por mim com um grunhido qualquer de cumprimento desinteressado, ao qual eu devolveria um arrulho por mera educação. Estou beirando os quarenta e você tem cara de sessenta. Já tivemos tempo suficiente nesta vida para desenvolver aquela camaradagem fática a que todos os homens das nossas gerações foram paulatinamente treinados. Barulhos pré-históricos que demonstram como podemos ser desimportantes uns para os outros. Mas você puxou uma pergunta. Quer saber como funciona o aplicativo do governo para ter a carteira de habilitação digital no celular. Tudo bem, entendo. Seus cabelos brancos te fazem mais velho que minha calvície e o instinto de ajuda aos idosos já me compele a interromper o vídeo genérico a que eu assistia e abrir o aplicativo no meu celular. O seu é Android...

A Moça Tecelã, Marina Colasanti

      “Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear. Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.  Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava. Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela. Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza. Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente ...

Pós Dia Internacional da Mulher, Regina Porto

           Um dia, me disse indignada quando via mulher não sair sem o marido, nem cogitar ver um filme caso a película não fosse do interesse dele, repetir frases como se tese fossem porque é o marido que diz (mesmo vendo dados contrários), não decidir sobre si, deixar de usar uma roupa...       Acrescentei, no auge de meu discurso entristecido, que só acreditaria que nós, mulheres, pudéssemos dar um passo à frente, quando nos dign á ss emos a pensar com a própria cabeça.       Fui veementemente recriminada por MEU FILHO. Discutimos o assunto usando exemplos que nós dois conhecemos  muito próximos física e afetivamente.  Minha indignação com as mulheres em quem pensamos estava absurdamente equivocada. Ele tinha razão: quem carrega milênios de cultura machista e décadas de violência física e psicológica,  não tem a menor condição de mudar assim tão rápido....