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Mostrando postagens com o rótulo fantasia.

Manoel de Barros.

Eu estava encostado na manhã como se um pássaro  à toa estivesse encostado na manhã. Me veio uma aparição: Vi a tarde correndo atrás de um  cachorro.   Eu teria 14 anos.Essa aparição deve ter vindo de minhas origens. Porque nem me lembro de ter visto nenhum cachorro a correr de uma tarde. Mas tomei nota desse delírio. Esses delírios irracionais da imaginação fazem mais bela a nossa linguagem. Tomei nota desse delírio em meu caderno de frases. Àquele tempo eu já guardava delírios. Tive outra visão naquele mês. Mas preciso antes contar as circunstâncias. Eu exercia um pedaço da minha infância encostado à parede da cozinha no quintal de casa. Lá eu brincava de cangar sapos. Havia muitos sapos atrás da cozinha. A gente bem se entendia. Eu reparava que os sapos têm o couro das costas bem parecido com o chão. Além de que eram do chão e encardidos. Um dia falei pra mãe: sapo é um pedaço de chão  que pula . A  mãe disse que eu estava meio variado. ...