Alguém me convidou a participar de uma antologia de contos infantis. Eu respondo que não escrevo contos infantis, e ele escreve de novo, retrucando que, em recente congresso/seminário/feira de livro, um romancista disse que todo escritor devia escrever pelo menos um conto infantil. Penso em mandar um cartão-postal, dizendo que não admito que “devia” escrever coisa alguma. Então, na noite passada acordei, ou melhor, fui acordada sem saber o que foi que me despertou. Uma voz no eco do subconsciente? Um som. Um rangido como aqueles que resultam do peso carregado por um pé após o outro sobre o assoalho de madeira. Eu ouvi. Senti os buracos das minhas orelhas distenderem-se por causa da concentração. Novamente: o rangido. Eu o aguardava; esperando ouvir se indicava pés em movimento entre um cômodo e outro, vindo pelo caminho - até a minha p...