Quando de carro comigo por Sevilha, Andaluzia, passando por cada igreja, recolhida, te benzias. Pela larga Andaluzia ninguém se engana de igreja: amplas paredes caiadas comportais pardos, de pedra. Contudo, quando comigo pela Vila de Madrid, notei que tu te benzias passando o que, para ti, lembrava vulto de igreja. O que era monumental fazia-te imaginar: eis mais outra catedral. Sem querer, não te enganavas: se não eram catedrais eram matrizes de bancos, o verbo de onde as filiais. Só erravas pela metade benzendo-te em frente a bancos; quem sabe foram construidos para lucrar desse engano? Em: Neto, João Cabral de Melo, A Literatura Como Turismo, Seleção e texto: Inez Cabral. Rio de Janeiro: Alfaguara,2016, pág 84-85 Imagem: Viagem Comigo