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A Outra Perna do Saci, Menotti Del Picchia

      Tião pensou no Saci.      -Foi o mardiço que trouxe lagarta rosada no algodoal...      Baixou uma tarde de ópera lírica. Os grilos desceram a policiar a várzea. Trii...Trii.. Os acendedores de gás iluminavam a ferraria dos sapos que davam as últimas marteladas no disco da lua, uma espécie de balão metálico que iam soltar em cima do açude.      - Mais eu laço êle, - matutou o Tião.      Procurou o rancho. As árvores recuavam para dar passagem ao caminho.      Ficavam na ponta dos pés das raízes. Viu uma quaresmeira vir vindo rampa acima rumo da estrada curva sob seu fardo de flôres. Era um floricultor carregando nas costas tôda a primavera.      - Laço êle e fica meu escravo. É só jogá o têrço no rodamoinho e carrego êle prá casa. Êle vai ajudá no eito...      Alcançou uns eucaliptos crianças que aprendiam a ser árvores no colégio de um hôrto florestal.   ...

São José, rogai por nós. Cícero Belmar.

Por ser 19 de março, tenho a sensação de que é um dia diferente. Posso refazer a frase? Tenho certeza de que é um dia especial por ser dedicado a São José, padroeiro de Bodocó, minha cidade. Melhor dizendo, padroeiro dos sertões. Quando eu era criança acreditava piamente, assim como todo povo do Sertão, que o marceneiro esposo da Virgem Maria eram quem derramava as bênçãos divinas em forma de chuva naquele chão semiárido. Seguíamos em procissão. Contritos, sob o sol. Mandacarus de braços erguidos. Nós, diante do Divino, olhos para o chão. Quem éramos? Muitos anos passaram e eu deixei de pensar como criança. Mudei, desacreditei naquela crendice ingênua. Estudei, aprendi algumas coisas. Li a filosofia, a psicanálise, a teologia. Fui existencialista. Neguei o que aprendi no passado. Mas o tempo não para, disse Cazuza. Não para mesmo. Descobri que li erradamente muitos livros. De filosofia, de psicanálise, de teologia. Tive a graça e o tempo de reapr...