Um dia desses um chofer de taxi, e eu entrevisto muitos, foi quem se encarregou de me entrevistar. Fez-me várias perguntas indiscretas e, entre elas, uma bastante estranha: a senhora se sente uma mulher igual a todo mundo? (ele era tão nortista que não dizia mulher , dizia muler ) Respondi sem saber ao certo ao que respondia: "mais ou menos". "Pois eu", continuou ele, me sinto igual a todo mundo. Já fui mendigo minha senhora. E hoje sou chofer. E mesmo tendo sido mendigo, me sinto igual a todo o mundo. É, por isso que lhe estou dando uma lição de moral”. Merecia eu esta lição? Não sei porque despedimo-nos com a maior efusão, um desejando felicidade ao outro. Na certa estávamos precisados. Uma conhecida minha ficou surpreendida, quando lhe contei: sempre pensara que, uma vez mendigo, último ponto de parada de uma pessoa, nunca...