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Mostrando postagens com o rótulo érico veríssimo

Última Página do Último Livro de 2024

     Olho a tôrre do Empire State Building; dominando a massa de cimento, aço e pedra de Manhattan, ela faísca como a ponta de uma agulha descomunal. Mas o que tenho agora na mente, é uma outra tôrre para mim mais significativa: o Campanile da Universidade da Califórnia. Lembro-me da véspera de nossa partida de Berkeley... Eu saíra com Rudolf Schevill para um último passeio através do campus. Era uma manhã cinzenta e úmida, e a névoa escondia o cimo das colinas. Conversamos sôbre a guerra e a paz, e Rudolf, que ama a Espanha, expressou a esperança de ver um dia a terra de Cervantes livre de Franco e do falangismo. Relembramos com saudade uma certa noite, no Mills, quando ouvimos juntos o Quarteto N.8, Opus 59, de Beethoven. De súbito, parando e tomando-me pelo braço, Rudolf me disse:      - Eu quisera que vocês pudessem ficar conosco para sempre! Seu rosto rosado, em contraste com a cabeleira completamente branca, era a única nota de côr na manhã fôsca. Ru...

Assim Começa o Livro Que Eu Comecei

 1 - OS ARGONAUTAS "OS ÓRFÃOS DA TEMPESTADE"      Medonho desastre. Perdido na procela, o avião precipitou-se no mar, a pouca distância da costa da Flórida. Era noite fechada quando as lanchas de serviço de salvamento da marinha norte-americana chegaram ao lical do sinistro. E ali, sob a chuva, na negra noite, começaram a pescar os cadáveres de passageiros e tripulantes. O primeiro a aparecer foi o da Princesa Hindu, que sorria com uma estrêla-do-mar aninhada entre os seios. O gordo Homem de Negócios boiava abandonado, como um fôfo boneco de borracha, e em sua bôca aberta mexia-se um caranguejo. Vieram outros. O moço de Bordo com uma medusa na testa. A Americana Loura com os cabelos soltos e olhos vidrados... O Comandante todo condecorado de anêmonas... Tinham os braços enredados em algas, e a morte lhes pintara nos rostos as côres mais doidas. Por fim ficaram faltando apenas os corpos dos brasileiros. Holofotos eflitos varejavam as águas. Longe, cintilavam as lu...

Melhores Livros de Cada Estado Brasileiro - Região Sul

Recentemente a imprensa divulgou que uma influenciadora americana descobriu Machado de Assis e que a felicidade e comentários dela a respeito de Memórias Póstumas de Braz Cubas, teria viralizado e feito dele  o livro  mais vendido na Amazon americana. Depois disso, 4 professores brasileiros decidiram eleger os melhores livros de cada estado brasileiro. O site G1, divulgou o resutado e eu trouxe para o blog,  dividindo as postagens por região. SUL PARANÁ Obra: O Vampiro de Curitiba (1965),Dalton Trevisan Sinopse:  Assim como um vampiro é capaz de tudo em sua busca pela satisfação do sangue, os personagens dos contos que compõem este  O vampiro de Curitiba  buscam, sem culpa, pudor ou censura, o prazer a qualquer custo. Considerado uma obra-prima do autor, este livro traz Dalton Trevisan em sua forma mais clássica: objetivo, conciso, minimalista e afeito a referências literárias de toda sorte, levando sua mistura de ironia e pessimismo aos extremos mais choc...

Perguntas Para Quem Gosta de Livros ( do Facebook)

Se você também é amante da literatura e quiser completar com suas próprias respostas. 1. LIVRO QUE NUNCA LI, MAS AINDA HEI DE: - Os Versos Satânicos, Salman Rushdie 2: LIVRO QUE NÃO SINTO VONTADE DE LER: - Ulisses, Joyce 3: LIVRO QUE LI VÁRIAS VEZES: - nenhum 4: ÚLTIMO LIVRO QUE LI: - Um Grão de Trigo, Ngugi Wa Thiongo 5: TODO MUNDO GOSTA DESSE LIVRO, MENOS EU: 6: UM CLÁSSICO QUE VOCÊ RECOMENDA: - qualquer livro de Érico Veríssimo 7: UMA BIOGRAFIA QUE VOCÊ RECOMENDA: - 8: UM BEST SELLER: - O Amor Nos Tempos do Cólera, García Marques 9: O LIVRO FAVORITO DA SUA INFÂNCIA: - Dom Quixote 10: O LIVRO FAVORITO DA SUA ADOLESCÊNCIA: - Capitães de Areia, Jorge Amado 11. O LIVRO QUE GANHOU UMA ADAPTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA À ALTURA: - 12. O MELHOR LIVRO DE CONTOS: - contos de Kolimá, Varlam Chalámov 13. O MELHOR LIVRO DE CRÔNICAS: - qualquer um de Rubem Braga 14. UM LIVRO EMOCIONANTE: - O Olho da Rua, Eliane Brum 15. O MELHOR ROMANCE QUE JÁ LEU NA VIDA: - 16. UM LIVRO IMPRESCINDÍVEL: - ...

Vamos Conversar Sobre Incidente Em Antares: de 27/3 até 31/3

  Escrito em 1971, um dos últimos livros da obra de Érico Veríssimo,   Incidente em Antares   é marcado por um forte tom político, além de trazer características do Realismo Fantástico, já que coisas reais e irreais acontecem com a mesma naturalidade. A obra se passa em uma pequena cidade do Rio Grande do Sul, tão pequena que nem consta no mapa, Antares. Com uma linguagem irônica, perpassada de humor e ao mesmo tempo de crítica social, Érico Veríssimo traz neste romance uma análise da sociedade de Antares em uma comparação à própria sociedade brasileira. Em 1963, as famílias mais tradicionais da cidade, os Campolargo e os Vacariano, lutam pelos privilégios de sua classe oligárquica ao mesmo tempo que tem confrontos com as novas ideias políticas que estão surgindo, principalmente o comunismo, crescente na classe operária de Antares. O livro é dividido em duas partes. Na primeira parte, temos um panorama da situação política e social da cidade, os grupos políticos, a ...

Primeira Leitura do Ano: Incidente Em Antares, Érico Veríssimo - 27 a 31 de março

 O romance se estrutura em duas partes. A primeira, “Antares”, conta a história dessa cidade fictícia, do início dos tempos até o presente dos fatos. A segunda, “O incidente”, narra os acontecimentos do final de 1963 e dos anos seguintes, durante e após o golpe militar de 1964. Antares começa como o “Povinho da Caveira”, nome dado por um viajante francês que, já naqueles tempos, ali encontra um representante da família Vacariano. Depois da Guerra dos Farrapos, por volta de 1860, aparece o primeiro Campolargo, representando a família rival na disputa pelo controle político do lugar. Os dois clãs viverão em conflito ao longo de gerações. A cidade obtém sua emancipação após a Guerra do Paraguai.      Ganham as ruas a campanha abolicionista e a propaganda republicana, em meio a lutas entre as famílias, que sempre tomam partidos opostos. Há mortes e episódios de truculência inominável. Mas Antares muda. Surgem jornais, usina elétrica, automóveis, o futebol conquista o se...

As Mãos de Meu Filho, Érico Veríssimo

     Todos aqueles homens e mulheres ali na platéia sombria parecem apagados habitantes dum submundo, criaturas sem voz nem movimento, prisioneiros de algum perverso sortilégio. Centenas de olhos estão fitos na zona luminosa do palco. A luz circular do refletor envolve o pianista e o piano, que neste instante formam um só corpo, um monstro todo feito de nervos sonoros.nBeethoven. Há momentos em que o som do instrumento ganha uma qualidade profundamente humana. O artista está pálido à luz de cálcio. Parece um cadáver. Mas mesmo assim é uma fonte de vida, de melodias, de sugestões — a origem dum mundo misterioso e rico. Fora do círculo luminoso pesa um silêncio grave e parado. Beethoven lamenta-se. É feio, surdo, e vive em conflito com os homens. A música parece escrever no ar estas palavras em doloroso desenho. Tua carta me lançou das mais altas regiões da felicidade ao mais profundo abismo da desolação e da dor. Não serei, pois, para ti e para os demais, senão um músico? ...

Refletindo Com Érico Veríssimo

  Érico Veríssimo, Incidente em Antares Por alguns segundos o padre permanece em silêncio, de dedos trançados sobre o peito, a cabeça baixa. — Como é difícil viver... — balbucia. — O Mauro embarcou de volta para Porto Alegre hoje no ônibus das quatro. Não se despediu do pai. É que esta manhã tiveram em casa uma altercação violentíssima. O Mauro temeu até que o pai o agredisse fisicamente. Não podem mais viver embaixo do mesmo teto. — Tudo por causa de política, naturalmente... — Sim, Inocêncio detesta as ideias do filho. — Ouvi dizer que o rapaz é comunista. E verdade? — Comunista é o pseudônimo que os conservadores, os conformistas e os saudosistas do fascismo inventaram para designar simplisticamente todo o sujeito que clama e luta por justiça social. Por outro lado, não ignoramos que na Rússia Soviética não existe nenhuma liberdade de crítica ou de expressão e que um escritor pode ser condenado a três ou cinco anos de trabalhos forçados na Sibéria por ter escrito poemas, artigos...

Cruz Alta Homenageia Érico Veríssimo

 O Tempo e o Vento na Santa Fé de Érico Veríssimo é um projeto que homenageia o filho ilustre da cidade de Cruz Alta - RS e um dos maiores escritores do país.  Em outubro  de 2020  a primeira estátua de um conjunto  de cinco personagens da literatura de Érico Veríssimo,  O Capitão Rodrigo pode ser visto na frente da rodoviária da cidade: Os outros personagens são: Pedro Missionário vai ficar no trevo de saída para a cidade de Ijuí.  Padre Lara ocupará o espaço ao lado da cruz em Benjamim Nott, Ana Terra ao lado do Museu Érico Veríssimo e Bibiana na esquina da Praça Érico Veríssimo. As esculturas são do arquiteto e artista plástico gaúcho Sérgio Coirolo O Tempo e o Vento  é uma trilogia de  romance histórico.   Dividida em  O Continente ,  O Retrato    e  O Arquipélago    o romance  conta uma parte da história do Brasil vista a partir do sul  - da ocupação do contine...

Nascido em 17 de dezembro: Érico Veríssimo

      As Mãos de Meu Filho       Todos aqueles homens e mulheres ali na platéia sombria parecem apagados habitantes dum submundo, criaturas sem voz nem movimento, prisioneiros de algum perverso sortilégio. Centenas de olhos estão fitos na zona luminosa do palco. A luz circular do refletor envolve o pianista e o piano, que neste instante formam um só corpo, um monstro todo feito de nervos sonoros. Beethoven.      Há momentos em que o som do instrumento ganha uma qualidade profundamente humana. O artista está pálido à luz de cálcio. Parece um cadáver. Mas mesmo assim é uma fonte de vida, de melodias, de sugestões — a origem dum mundo misterioso e rico. Fora do círculo luminoso pesa um silêncio grave e parado.      Beethoven lamenta-se. É feio, surdo, e vive em conflito com os homens. A música parece escrever no ar estas palavras em doloroso desenho. Tua carta me lançou das mais altas regiões da felicidade ao ma...