Eu nem sou interessada em romance policial, mas Garcia-Roza é uma exceção e eu gosto muito do seu delegado Espinosa. Recomendo. A mulher sentada à beira da calçada na avenida Nossa Senhora de Copacabana só se sente em casa vivendo na rua - estar entre paredes a oprime, ela tem a sensação de que vai morrer sufocada. É tão fina e educada que todos a chamam de Princesa. Seu 'lar' é um trecho do piso de cimento delimitado por pedaços de papelão. Muito gorda, tem dificuldade para se mover. Mesmo assim, não descuida da aparência - alisa bem o vestido sobre as pernas esticadas, penteia-se com esmero e passa batom com pelo menos frequência - sempre que recebe a visita do delegado Espinosa. E o delegado Espinosa visita Princesa várias vezes por dia. Afinal, tudo indica que ela viu quem enfiou uma faca no homem muito branco, talvez um estrangeiro, que amanheceu morto na calçada a alguns metros dela. Mas Princesa costuma sonhar, às vezes até quand...