Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens com o rótulo Carlos Drummond de Andradde

Mais Acessadas No Blog em 2023

Um conto de Carlos Drummond de Andrade, um poema de Bruno Estrela e uma crônica de Antônio Prata foram as postagens mais acessadas em 2023.    A Beleza Total de Drummond está no livro Contos Plausíveis e foi postada aqui em 2017.   Fala de Gertrudes, a bela desde sempre, e termina assim:   "Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um dia cerrou os olhos para sempre. Sua beleza saiu do corpo e ficou pairando, imortal. O corpo já então enfezado de Gertrudes foi recolhido ao jazigo, e a beleza de Gertrudes continuou cintilando no salão fechado a sete chaves."  Mãe É Quem Fica de Bruna Estrela Esse texto poético foi postado em 2019.  Precisei falar com Bruna Estrela para confirmar a autoria, porque  encontrei-o atribuido a Cora Coralina e a Cecília Meireles e no blog, por dois anos seguidos, recebi co...

A Bruxa, Carlos Drummond de Andrade

Nesta cidade do Rio, de dois milhões de habitantes, estou sozinho no quarto, estou sozinho na América. Estarei mesmo sozinho? Ainda há pouco um ruído anunciou vida ao meu lado. Certo não é vida humana, mas é vida. E sinto a bruxa presa na zona de luz. De dois milhões de habitantes! E nem precisava tanto… Precisava de um amigo, desses calados, distantes, que leem verso de Horácio mas secretamente influem na vida, no amor, na carne. Estou só, não tenho amigo, e a essa hora tardia como procurar amigo? E nem precisava tanto. Precisava de mulher que entrasse nesse minuto, recebesse este carinho, salvasse do aniquilamento um minuto e um carinho loucos que tenho para oferecer. Em dois milhões de habitantes, quantas mulheres prováveis interrogam-se no espelho medindo o tempo perdido até que venha a manhã trazer leite, jornal e clama. Porém a essa hora vazia como descobrir mulher? Esta cidade do Rio! Tenho tanta palavra meiga, conheço vozes de bichos, sei os beijos mais violentos, viajei, brigu...

Esparadrapo, Carlos Drummond de Andrade

  Aquele restaurante de bairro é do tipo simpatia/classe média. Fica em rua sossegada, é pequeno, limpo, cores repousantes, comida razoável, preços idem, não tem música de triturar os ouvidos. O dono senta-se à mesa da gente, para bater um papo leve, sem intimidades. Meu relógio parou. Pergunto-lhe quantas horas são. – Estou sem relógio. – Então vou perguntar ao garçom. Ele também está sem relógio. – E o colega dele, que serve aquela mesa? – Ninguém está com relógio nesta casa. – Curioso. É moda nova? – Antes de responder, e se o senhor permite, vou lhe fazer, não propriamente um pedido, mas uma sugestão. – Pois não. – Não precisa trazer relógio, quando vier jantar. – Não entendo. – Estamos sugerindo aos nossos fregueses que façam este pequeno sacrifício. – Mas o senhor podia explicar… – Sem querer meter o nariz no que não é da minha conta, gostaria também que trouxesse pouco dinheiro, ou antes, nenhum. – Agora é que não estou pegando mesmo nada. – Coma o que quiser, depois mandam...

Consolo Na Praia, Carlos Drummond de Andrade

Vamos, não chores. A infância está perdida. A mocidade está perdida. Mas a vida não se perdeu. O primeiro amor passou. O segundo amor passou. O terceiro amor passou. Mas o coração continua. Perdeste o melhor amigo. Não tentaste qualquer viagem. Não possuis carro, navio, terra. Mas tens um cão. Algumas palavras duras, em voz mansa, te golpearam. Nunca, nunca cicatrizam. Mas, e o humour? A injustiça não se resolve. À sombra do mundo errado murmuraste um protesto tímido. Mas virão outros. Tudo somado, devias precipitar-te, de vez, nas águas. Estás nu na areia, no vento... Dorme, meu filho. Ouça aqui o poema com Maria Betânia

Nascido em 31 de Outubro: Carlos Drummond de Andrade.

RELIGIÃO Bichinho quer ir s'embora da sala pra dormir no sol do dia bonito. Mas a porta da sala está fechada e ele não pode abrir a porta. Bichinho planta-se de cócoras muito solene diante da porta e põe-se a adorá-la. põe-se a adorá-la para que ela se compadeça. Fonte: Folha de São Paulo on line 6.10.2019 Tem mais de Drummond no blog, passa lá

Porque hoje é.... aniversário de Drummond

Hoje Carlos Drummond de Andrade faria 111 anos. Não vou falar nada sobre o poeta, claro. Ele desde há muito é de po todos querido e sabido. Procurei, então, a página 111 de um de seus livros e encontrei um poema que podia ser crônica, artigo, prosa... Drummond, exagerado em talento, tinha dessas coisas. Deixo abaixo o que encontrei na página 111 e, iurrúuuuu , ainda não tinha no Google! Desenho de Ramon Muniz Em Março, Esta Semana Carlos Drummond de Andrade Segunda-feira a gente ficou presa não no distrito: em casa, ante o combate de Cassius Clay e Frazier... Que tristeza ver Muhammad Ali tatibitati, hesitando, caindo, prolongando por 15 rounds nossa aflição inglória: Vai resistir? Virar a luta? Quando acaba a cruenta e lenta história? Sem apostar um dólar ou cruzeiro pois nutro por tabefes sacro enjoo), lamento haver perdido: o palradeiro tem minha simpatia no seu voo rumo    à ideia de paz,num mundo de gu...