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Conversa Com o Diabo I, Rubem Alves.

         Ele chegou e foi falando num tom queixoso:    “Falam mal de mim. Dizem que gosto das coisas feias, que tenho cheiro de enxofre, chifres e patas de bode. Houve mesmo maledicentes que disseram que eu e Lutero inventamos a guerra química, pois nos atacávamos fazendo uso de gases mal cheirosos expelidos pelo orifício inferior. O Riobaldo, conhecedor das tolices da cabeça dos homens, sabia do gosto que têm as pessoas pelas invencionices.”    Para documentar o que ia dizer, abriu a mala 007 e tirou de lá de dentro um volume do livro Grande sertão: veredas . Estava caindo aos pedaços, folhas soltas, folhas rasgadas.    “O senhor me perdoe pelo estado do livro. É que ele é minha segunda Bíblia, do jeito coo diz Adélia. Todo dia leio um pedacinho. Nem sei mesmo quantas vezes já li o livro de cabo a rabo. Modéstia à parte, é preciso que se saiba que eu ajudei o João. Acham que ele a inventar tudo...