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Poema Didático,Paulo Mendes Campos

Não vou sofrer mais sobre as armações metálicas do mundo Como o fiz outrora, quando ainda me perturbava a rosa. Minhas rugas são prantos da véspera, caminhos esquecidos, Minha imaginação apodreceu sobre os lodos do Orco. No alto, à vista de todos, onde sem equilíbrio precipitei-me, Clown de meus próprios fantasmas, sonhei-me, Morto de meu próprio pensamento, destruí-me, Pausa repentina, vocação de mentira, dispersei-me. Quem sofreria agora sobre as armações metálicas do mundo, Como o fiz outrora, espreitando a grande cruz sombria Que se deita sobre a cidade, olhando a ferrovia, a fábrica, E do outro lado da tarde o mundo enigmático dos quintais. Quem, como eu outrora, andaria cheio de uma vontade infeliz, Vazio de naturalidade, entre as ruas poentas do subúrbio E montes cujas vertentes descem infalíveis ao porto de mar? Meu instante agora é uma supressão de saudades. Instante Parado e opaco. Difícil se me vai tornando transpor este rio Que me confundiu outrora. J...