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Mostrando postagens com o rótulo Cícero Belmar

Eu Queria Ser Céline Dion, conto de Cícero Belmar

Era cansaço de mim. Eu estava cansado de ser aquilo, um simples Juscelino Pereira da Silva. Da vidinha chata, os dias iguais se repetindo, sempre na mesma merda. E o pior de tudo, sozinho. Era como se ninguém me visse.      Iria completar 30 anos daquele jeito? Juntei um dinheirinho e disse: vou fazer uma viagem. Mamãe ainda quis me convencer a não ir. As mães sabem que as viagens são transformadoras.      Fui para São Paulo, com endereço certo. Tempo suficiente para dar um show em mim. Preenchi os peitos com silicone, a agulha era grossa, mas valia a pena. Ganhei bochechas, as maçãs do rosto ficaram mais altas, os lábios mais sensuais. A pele ardeu feito queimadura, mas é o preço que se paga. Implantei megahair. Meu cabelo era aquela coisinha chupada e veio bater na altura da bunda. Comprei unhas postiças. Vermelho-vivo.      Bela, me define.      Se alguma vez fui Juscelino, não me lembro. Virei Céline. É um nome que pare...

A Mulher Que Viu A História, conto de Cícero Belmar

     Parte da minha história terminou ali, naquele dia, naquela hora. A campaninha tocou. Tudo o que eu queria, até então, era ser uma boa dona de casa, garantir a saúde, a felicidade e o bem-estar do meu marido e dos meus filhos. Estava satisteita com a vida que levava.      Preparava o almoço quando alguém tocou a campainha. Pensei: ai, meu deus, logo agora, que hora mais inconveniente para se fazer uma visita. Mas eu não estava esperando ninguém, e minhas vizinhas eram iguais a mim, todas entendíamos que as atividades sociais não deviam interderir no trabalho principal de dona de casa. Sendo assim, reuniões, visitas, nada disso podia ser desculpa para atrasar o almoço, que precisaria estar pronto quando o marido e os filhos chegassem.      Terminei de temperar a carne, coloquei a tampa da pressão. desliguei o rádio. Ouvira, há pouco, a notícia da morte de um padre. Um tal de padre Henrique. O corpo fora encontrado num terreno baldio, na Ci...

São José, rogai por nós. Cícero Belmar.

Por ser 19 de março, tenho a sensação de que é um dia diferente. Posso refazer a frase? Tenho certeza de que é um dia especial por ser dedicado a São José, padroeiro de Bodocó, minha cidade. Melhor dizendo, padroeiro dos sertões. Quando eu era criança acreditava piamente, assim como todo povo do Sertão, que o marceneiro esposo da Virgem Maria eram quem derramava as bênçãos divinas em forma de chuva naquele chão semiárido. Seguíamos em procissão. Contritos, sob o sol. Mandacarus de braços erguidos. Nós, diante do Divino, olhos para o chão. Quem éramos? Muitos anos passaram e eu deixei de pensar como criança. Mudei, desacreditei naquela crendice ingênua. Estudei, aprendi algumas coisas. Li a filosofia, a psicanálise, a teologia. Fui existencialista. Neguei o que aprendi no passado. Mas o tempo não para, disse Cazuza. Não para mesmo. Descobri que li erradamente muitos livros. De filosofia, de psicanálise, de teologia. Tive a graça e o tempo de reapr...

Umbilina E Sua Grande Rival - Bienal de Pernambuco

     Perambulando pela Bienal  encontrei Umbilina e Sua Grande Rival   agora em nova edição. Pode ser adquirido na Rua 3, boxe Canto Sertanejo      Recomendo a leitura: criativo, bem humorado, realismo fantástico muito bem escrito.       Esse trabalho de realismo fantástico brasileiro é um livro que poderia muito bem transformar-se em filme pelas mãos de Guel Arraes.       Tomara que ele pense o mesmo que eu.      Enquanto isso,  melhor ler um trecho do  livro:      Antes de sair de casa, convinha prevenir-se.      -Sal bento e água benta, Jesus Cristo no altar. As dificuldades do meu caminho saiam que eu vou passar. Em nome do Pai, do Filhos e do Espírito Santo... responda amém.      - Amém.      - Vamos andando     Foram.     - Toda vez que você segui...

Festival RioMar de Literatura Pernambucana - Dia 5 de maio

Programação dia 5 14h   - Literatura Infantil - Debate e contação de história, coordenação de: Antônio Nunes "Tonton" 16h -  Quarta às Quatro - Coordenação de : Geraldo Ferraz, Apresentação teatral: Lepê Correia e o Kandela Etu 17:30h - Poesia Performática - coordenação de:  Bernardete Bruto e Taciana Valença Apresentação de performances poéticas. 18:30h - O Livro do Futuro, palestrante: Antônio Campos 19:30h - O Romance Pernambucano, mesa redonda com mediação de: Adilson Jardim. Debatedores são: Raimundo Carrero; Juan Pablo Martin; Veldenides Cabral Dias, Sidney Rocha e Cícero Belmar. O Festival acontece no Teatro Eva Herz, Livraria Cultura. Entrada franca.