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Mostrando postagens com o rótulo homossexualismo

Eu Queria Ser Céline Dion, conto de Cícero Belmar

Era cansaço de mim. Eu estava cansado de ser aquilo, um simples Juscelino Pereira da Silva. Da vidinha chata, os dias iguais se repetindo, sempre na mesma merda. E o pior de tudo, sozinho. Era como se ninguém me visse.      Iria completar 30 anos daquele jeito? Juntei um dinheirinho e disse: vou fazer uma viagem. Mamãe ainda quis me convencer a não ir. As mães sabem que as viagens são transformadoras.      Fui para São Paulo, com endereço certo. Tempo suficiente para dar um show em mim. Preenchi os peitos com silicone, a agulha era grossa, mas valia a pena. Ganhei bochechas, as maçãs do rosto ficaram mais altas, os lábios mais sensuais. A pele ardeu feito queimadura, mas é o preço que se paga. Implantei megahair. Meu cabelo era aquela coisinha chupada e veio bater na altura da bunda. Comprei unhas postiças. Vermelho-vivo.      Bela, me define.      Se alguma vez fui Juscelino, não me lembro. Virei Céline. É um nome que pare...

Girls Like Girls, Hayley Kiyoko ( A música inspirou o livro)

     Eu conhecia livro que inspirou filme, peça de teatro. Nunca tinha ouvido falar de  música inspirar livro até ler no Estadão sobre a jovem cantora americana Hayley Kiyoko (32) que em maio deste ano lançou um livro que escreveu a partir de uma composição sua.  Girls Like Girls do álbum: This Side of Paradise de 2015, inspirou Hayley Kiyoko a escrever sobre o assunto de que trata a música.      Em junho  Girls Like Girls, Uma História de Amor Entre Garotas , foi lançado pela Ed.Intrínseca no Brasil e é sucesso de vendas. Hayley que era compositora e atriz ( Lemonade Mouth, Scooby-Doo o Mistério Começa) agora é também escritora. Ao Estadão ela diz, sobre o livro:“Foi inspirado pela minha experiência pessoal. Eu tinha me apaixonada por uma das minhas melhores amigas no ensino médio e não acabou do jeito que eu gostaria. Então esse livro foi um jeito de ‘curar’ a minha eu mais nova”. O Livro começa assim: UM Posso te contar um segredo?   ...

Dia das Mães: Vó Eduarda, Marcius Malhem

Neste dia das mães eu quero falar sobre a mãe da mãe da minha mãe - também conhecida como minha bisavó. Para mim, vó Eduarda.      Ela morreu quando eu tinha 16 anos , em 1988. Até meus 8 anos eu dormia muito na casa dela. Tempo suficiente para que a vpz com sotaque daquela velhinha portuguesa que cheirava a leite de Rosas nunca mais  saísse de minha memória.      Lembro também, do Toddy gelado pela manhã, da farofa de ovos no almoço e do caqui no lanche.      Ela chamava rabanada de "orelha de português", e me ajudava a pegar romã no pé com um bambu.      Vovó era diabética  e se aplicava injeções de insulina mais de uma vez ao dia, na veia, amarrando o próprio braço. Antes ela fazia um teste para ver o nível de glicose, que consistia em urinar num tubo e pingar um reagente. Decorei que, se o líquido ficasse azul, da cor dos olhos dela, estava tudo bem.      O dia...

Mas é carnaval (1) - Caio Fernando de AbreuTerça-feira Gorda

T erça- F eira G orda           De repente ele começou a sambar bonito e veio vindo para mim. Me olhava nos olhos quase sorrindo, uma ruga tensa entre as sobrancelhas, pedindo confirmação. Confirmei, quase sorrindo também, a boca gosmenta de tanta cerveja morna, vodca com coca-cola, uísque nacional, gostos que eu nem identificava mais, passando de mão em mão dentro dos copos de plástico. Usava uma tanga vermelha e branca, Xangô , pensei, Iansã com purpurina na cara, Oxaguiã segurando a espada no braço levantado, Ogum Beira-Mar sambando bonito e bandido. Um movimento que descia feito onda dos quadris pelas coxas, até os pés, ondulado, então olhava para baixo e o movimento subia outra vez, onda ao contrário, voltando pela cintura até os ombros. Era então que sacudia a cabeça olhando para mim, cada vez mais perto.       Eu estava todo suado. Todos estavam suados, mas eu não via mais ninguém além dele. Eu já o tinha vis...

O Diário Roubado

     A escritora Régine Deforges,em O Diário Roubado narra a história de Leone uma garota de 15 anos que tem grande amor por Mélie, outra garota do mesmo colégio onde estuda numa pequena cidade da França nos anos 50.      A autora expõe todas as dificuldades sofridas, principalmente por uma delas, Léone, que teve sua vida totalmente devassada depois que um de seus diários foi lido. Como costumava acontecer com as adolescentes de décadas passadas, Léone narrava em diário, todas as suas angústias, dúvidas e amizades. Léone que tinha dificuldades na vida em família, conversava consigo mesma escrevendo  sobre suas necessidades e descobertas. Julgava seguro o lugar onde guardava um diário com as descrições de suas descobertas sexuais e nele, usava de franqueza para falar de seus prazeres hétero e homossexuais. Seu julgamento foi falhou:  o diário foi parar nas mãos de um dos rapazes que tendo sido rejeitado por ela, vingou-se lendo ...