Na próxima sexta-feira dia 7.10, Cecília Meireles faria 112 anos. Pedi e a jornalista Lêda Rivas me disse o que tem na página 112 de um livro que ela tem em casa: Menino Trouxe um menino. Apanhei-o no bazar de ouro e prata , onde as joias são como as folhas das mangueiras: milhares, milhares. Tudo ensurdecia: pulseiras, campainhas, brincos e pingentes, argolas para os tornozelos, correntes com guizos, enfeites para tranças, corações com pedra sangrenta, diamantes para a narina. Mas eu só trouxe a criança. Apanhei-a entre os carrinhos de comida , grãos dourados, gomos de cana, bolinhos fumegantes, frutos de toda casta, biscoitos de pistache e rosa, açúcar em nuvens de algodão. Trouxe o menino. Apanhei-o entre mulheres morenas, lânguidas, sonâmbulas. Entre velhos de barbas imensas, que recitam versículos. Entre mercadores distraídos, de cócoras, que fazem subir e descer douradas balanças. Montes verdes,...