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Mostrando postagens com o rótulo João Ubaldo Ribeiro

A Qualidade de Vida Ataca Novamente, João Ubaldo Ribeiro

 Claro, eu sabia que não ia durar muito. Há bastante tempo minha qualidade de vida tem sido de baixíssimo nível e, como se sabe, é impossível sobreviver hoje em dia sem cuidar da qualidade de vida. Do contrário, o sujeito morre depois de ler as seções de saúde dos jornais, tamanho é o terrorismo que fazem em relação à qualidade de vida. Devia haver um aviso nessas seções, advertindo que sua leitura contumaz leva a todo tipo de doença imaginável. Eu, apesar das exigências de minha atividade jornalística, procuro evitá-las, mas não adianta porque os efeitos delas se alastram como fogo em mato seco, a começar pela própria família do sofrente. Minha qualidade de vida, sou obrigado a reconhecer, está um lixo. Não caminho no calçadão, não jogo peteca, não frequento academia e não sigo dieta. Pelo contrário, encaro tudo o que faz mal numa boa e soube que a Associação Brasileira dos Fabricantes de Porcarias Variadas, de biscoitos recheados que enjoam até criança  a doces de origem obs...

Memória de Livros, João Ubaldo Ribeiro

Aracaju, a cidade onde nós morávamos no fim da década de 40, começo da de 50, era a orgulhosa capital de Sergipe, o menor estado brasileiro (mais ou menos do tamanho da Suíça). Essa distinção, contudo, não lhe tirava o caráter de cidade pequena, provinciana e calma, à boca de um rio e a pouca distância de praias muito bonitas. Sabíamos do mundo pelo rádio, pelos cinejornais que acompanhavam todos os filmes e pelas revistas nacionais. A televisão era tida por muitos como mentira de viajantes, só alguns loucos andavam de avião, comprávamos galinhas vivas e verduras trazidas à nossa porta nas costas de mulas, tínhamos grandes quintais e jardins, meninos não discutiam com adultos, mulheres não usavam calças compridas nem dirigiam automóveis e vivíamos tão longe de tudo que se dizia que, quando o mundo acabasse, só íamos saber uns cinco dias depois. Mas vivíamos bem. Morávamos sempre em casarões enormes, de grandes portas, varandas e tetos altíssimos, e meu pai, que sempre gostou das últim...

Os Índios de Berlim, João Ubaldo Ribeiro

          Uma coisa eu aprendi, nesta minha temporada berlinense: só apareço outra vez na  Alemanha depois de frequentar um curso sobre a Amazônia e ler pelo menos uma bibliografia básica sobre os índios brasileiros. As coisas aqui podem ficar difíceis para brasileiros como eu, que não entendem nada de Amazônia e de índios. Ao serem informados dessa minha ignorância, alguns alemães ficam tão indignados que desistem imediatamente de conversar comigo.        Outros, talvez a maioria, se recusam a acreditar em algo tão inaceitável,não ouvem minhas negativas e vão em frente, num diálogo às vezes um pouco esquizofrênico.       — Deve ser fascinante a Amazônia, não é?      — Deve ser, sim. Certamente que é.      — Compreendo o que você quer dizer. Para você, imerso na Amazônia, é difícil ter a mesma visão fascinada que um estrangeiro. Para quem está de fora, contudo... — Não é bem isso...

Alemães Nus, João Ubaldo Ribeiro

                 Fomos ao Halensee outra vez, ver alemães nus. Os brasileiros não acreditam em nudez sem malícia e esse espetáculo para nós é espantoso. Por que ninguém olha para ninguém? Lembro uma vez em que fui convidado para almoçar no Playboy club de Chicago, onde bebidas e comidas eram servidas por moças de maiô cavado e decotes que não escondiam nada. claro que a maior parte dos homens ali tinha vindo exatamente para ser servida por moças semidespidas, mas todos aparentavam a mais completa indiferença à presença delas, a ponto de meu anfitrião, que estava sentado num lugar de acesso incômodo, não ter interrompido nem um instante sua palestra  sobre problemas editoriais, enquanto uma bunny lhe servia a salada com um peito praticamente enfiado em sua orelha. Nunca conversei e almocei  com um peito enfiado em minha orelha, mas imagino que minha concentração ficaria um pouco perturbada. Magni...

Sebo

Me desfazendo dos livros ofereço alguns exemplares.  Há livros  gastos  e outros em excelente estado. O valor é o que consta na lista   está com frete incluso . Para mais informações: preencha formulário de "contato" que fica acima e à direita da tela ou clique aqui . Esse post é atualizado semanalmente. Água-Mãe e Assassinato de Reputações são as duas novas ofertas: SEBO 20 anos de Prontidão 1964-1984* Ziraldo R$10,00 A Última do Brasileiro*  Ziraldo R$8,00 Alderígi, Gigante com Olhos de Criança* Felipe G.Alves  R$8,00 Água-mãe* José Lins do Rego R$40,00 Assassinato de Reputações* Romeu Tuma Jr e C.Tognoli R$55,00 Babbit* Sinclair Lewis R$10,00 Como Escrever Artigo Científico Sem Arrodeio e Sem Medo da ABNT* Ítalo de Souza Aquino R$35,00 Decameron* Bocage R$10,00 Estórias Extrao...

ABL nos morros e quarteis

“ Oh! bendito o que semeia Livros, livros, à mancheia E manda o povo pensar... ” ― Castro Alves             Nem só de pompa vive a Academia Brasileira de Letras.  Homenageando o poeta baiano Castro Alves a instituição levou livros às comunidades pacificadas e quartéis do Rio de Janeiro no programa "Livros à Mão Cheia" .        Ana Maria Machado, presidente da ABL, João Ubaldo Ribeiro, Ariano Suassuna e Alberto Costa e Silva e outras personalidades da literatura brasileira se fizeram presente na ação divulgadora da leitura.  (Fonte: Revista Isto É, maio, ed.2267)