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Mostrando postagens com o rótulo Maceió

Fusca Graciliênico do Sr. Mariano Alves ( Graciliano Ramos em Maceió)

     Em Maceió, um fusca grafite decorado externamente com fotos e frases do escritor alagoano Graciliano Ramos carrega inúmeros livros pela cidade. O pedagogo Mariano Alves de Oliveira, de 59 anos, conduz a biblioteca itinerante e visita as escolas públicas dos bairros. No pátio, ele expõe seu acervo literário e os alunos se aproximam para conhecer, acessar os livros e ouvir sobre literatura. “Graciliano Ramos descreveu como ninguém a realidade de quem vive no sertão nordestino, como um espelho retrovisor onde podemos aprender sobre nossas origens”, relata o pedagogo aos alunos. O “fusca graciliânico” também visita os locais de grande movimento e desperta a atenção das pessoas por onde passa. Junto com os livros, ele monta o pequeno cenário no teto do carro com panela de barro, chapéu de couro, colher de pau e uma escultura de metal que representa Baleia, a cachorrinha personagem de Vidas Secas, e fica à disposição para conversar sobre literatura e, em especial, sobre o ...

Saudade, Elisa Lucinda

Meu Brasil partiu lá pro meio de Los Angeles Foi falar língua espanhola foi sumir não sei pra onde Meu Brasil foi sentir frio lá no meio de Los Angeles a 20 graus abaixo de zero e eu choro de tanto esmero Meu Brasil foi pra Los Angeles Nem notícias nem telefone Me deixou sem nome Rose,Carina,Solange Foi cantar no microfone lá pras moças da América Eu fiquei patética sem rima, sem métrica perdi a estética Meu Brasil partiu saiu   pra Los Angeles Meu peru meu   panetone ciclone do meu Natal Meu Brasil internacional Me deixou pasmada sem cheiro, sem beijo me deixou tão só sem aviso, sem   jeito sem dó Me deixou ressabiada tão   garganta, tão nó Me deixou tão largada, tão passada tão   Maceió. In: Lucinda, Elisa,O Semelhante, – 5ª edição – Rio de janeiro: Record, 2006

Soneto de Abril, Lêdo Ivo

Agora que é abril, e o mar se ausenta, secando-se em si mesmo como um pranto, vejo que o amor que te dedico aumenta seguindo a trilha de meu próprio espanto. Em mim, o teu espírito apresenta todas as sugestões de um doce encanto que em minha fonte não se dessedenta por não ser fonte d'água, mas de canto. Agora que é abril, e vão morrer as formosas canções dos outros meses, assim te quero, mesmo que te escondas: amar-te uma só vez todas as vezes em que sou carne e gesto, e fenecer como uma voz chamada pelas ondas.

Crônica Carioca de Natal - Lêdo Ivo

     O Homem zarolho, postado atrás do balcão da portaria do hotel, olhou para o ventre de Maria e disse, peremptório:      - Não há vagas. Os quartos estão todos tomados.      Ela e José desceram; em silêncio, a suja escada que rangia. Logo os envolveu, na noite nova, o rumor da cidade. O povo corria para os ônibus e trens, jornaleiros anunciavam o lançamento de uma bomba atômica no Pacífico – e tudo aquilo desnorteava ainda mais o casal que passara o dia procurando um quarto na grande cidade indiferente. Como dispunham de pouco dinheiro, subiam apenas as escadas das hospedarias que lhes pareciam acessíveis, mas em nenhuma delas haviam encontrado acolhida.      José e Maria continuaram perambulando, ora através de grandes avenidas, ora por estreitas ruas transversais. Estavam cansados, tinham vindo de longe, perseguidos por uma calamidade, e a ninguém conheciam. De vez em quando, Maria parava, queixando-se d...

Soneto da Porta, Lêdo Ivo

Quem bate à minha porta não me busca. Procura sempre aquele que não sou e, vulto imóvel atrás de qualquer muro, é meu sósia ou meu clone, em mim oculto. Que saiba quem me busca e não me encontra: sou aquele que está além de mim, sombra que bebe o sol, angra e laguna unidos na quimera do horizonte. Sempre andei me buscando e não me achei: E ao pôr-do-sol, enquanto espero a vinda da luz perdida de uma estrela morta, sinto saudades do que nunca fui, do que deixei de ser, do que sonhei e se escondeu de mim atrás da porta.

Vidas Secas - 70 anos

VIDAS SECAS de Graciliano Ramos aniversaria: 70 anos!! O que faz um livro tão duro, por verdadeiro e conciso, chegar à 106ª edição? Por que Graciliano com aquele jeitão seco, direto e sem poesia, prende e encanta qualquer leitor? Relendo, e faço isso com certa feqüência, seus livros sempre encontro novidades. Pela ordem, Quebrangulo, Palmeira dos Índios, Maceió e o país não têm nenhum débito com um de seus melhores (para mim, o melhor) escritores? Escola municipal/estadual; rua, avenida,Graciliano Ramos? Seus relatórios administrativos, enviados ao Governo do Estado de Alagoas, não seriam cartilhas de leitura obrigatória a nossos governantes? E a Editora Record? por que não uma edição comemorativa dos 70 anos de Vidas Secas? http://livroerrante.blogspot.com/2008/02/muito-prazer-graciliano-incio-em-30.html