Jarra com margaridas e anémonas, Van Gogh, Paris 1887 Terra florida. Estação nova. Tanta Vida em redor. Ser fôlha quem me dera! Cada arbusto que vejo é uma garganta, Um grito de entusiasmo à Primavera! Bendito o sol que no alto céu flameja E desce fogo pelas serranias... O sol é um velho sátiro que beija Sôfregamente as árvores esguias. Anda, tonto pelo ar, espanejante, Umenxame fntástico de abelhas Que estonteadoramente paira diante De corolas e pétalas vermelhas. Vida para o trabalho! Ouve-se o côro Dos lavradores e das raparigas... Ondula ao sol, como um penhacho de ouro, A cabeleira fulva as espigas. Primavera! No teu aspecto antigo, Alucinante e triste muitas vêzes, Quando chegas pelo ar trazes contigo Calma e fartura para os camponeses. Dás arrepios fortes e desejos... Teu nome é seiva, é fôrça, é mocidade... A terra anda a clamar pelos teus beijos Que são sementes de fecundidade. (In Toda Uma Vida de Poesia, vol 1 ) (Nota: o blog manteve a g...