Na casa de meus avôs existe um sótão encantado. Não sei bem onde é a escada para alcançá-lo; às vezes eu a encontro, outras não, mas ela existe, e é o único jeito que sei chegar até o sótão encantado. Neste sótão, mora o rato Benevides. Tenho um medo absurdo dele, embora nunca tenha me feito mal, a bem dizer, nunca me dirigiu a palavra. Mas nas minhas noites insones, Benevides passa por baixo da minha cama, com passinhos curtos, arrepiando aquele pêlo horrível. Encho-me de medo e fico ouvindo ele se afastar, voltar para o sótão encantado. Acho que ele mora no caixão de defunto. É, existe um caixão de defunto, sem defunto, lá no sótão. Está encostado na parede úmida, perto da janela que dá para os fundos da casa, tapado parcialmente com uma lona escura. Nunca entendi e nunca me contaram o porquê deste caixão. Acho que foi comprado para um tal de tio Jambão, que s...