Uma carta para não ser lida Vitória, 15 de dezembro de 2024. Beatriz, Hoje acordei decidido. Na minha vida, há algumas pontas ainda sem os devidos nós e tirei o dia para pôr essa tarefa em dia. Resolvi te escrever uma carta que nunca vai ser lida. Isso mesmo, nunca vai ser lida, mesmo porque nunca existiu. Diante de seu silêncio e da minha inação, restou apenas registrar o que aconteceu comigo. Você sequer imagina os fatos que ocorreram e que motivaram alguns escritos, entre eles alguns miseráveis poemas e essa carta. Encantei-me com você há um certo tempo. Seus olhos e cabelos pretos, seu sorriso apertado nos lábios, um certo grau de miopia e seu jeito extremamente simples, cativante e delicado me encantaram. Foi tudo muito rápido: esse seu jeito despojado de ser e de conduzir a vida encantou-me. Você, Beatriz, irradia simpatia. Meus dias se resumem entre encontros propositalmente provocados, duas trocas de olhares e um sorriso, não mais que isso. Foi tudo que bastou: nunca conversei...