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Mostrando postagens com o rótulo Tom Jobim

Vida em Branco, poema de Zélia Duncan

Você não precisa de artistas? Então me devolve os momentos bons Os versos roubados de nós Arranca o rádio do seu carro Destrói a caixa de som Joga fora os instrumentos E todos aqueles quadros Deixa as paredes em branco Assim como é sua cabeça Seu céu de cimento Silêncio cheio de ódio Nenhuma canção pra ninar E suas crianças em guarda Esperando a hora incerta Pra mandar ou receber rajadas Você não precisa de artistas? Então fecha os olhos, mora no breu Esquece o que a arte te deu Nenhum som, nenhuma cor Nenhuma flor na sua blusa Nem Van Gogh, nem Tom Jobim Nenhum Gonzaga, ou Diadorim Você vai rimar com números Vai dormir com raiva e acordar sem sonhos, sem nada E esse vazio no seu peito Não tem refrão pra dar jeito Não tem balé pra bailar Você não precisa de artistas? Então nos perca de vista Nós deixe de fora Desse seu mundo perverso Sem graça, sem alma. 

Sozinho no Bar, crônica de Aluizio Falcão

     Nove da noite no bar Bohemia. Movimentadíssimo na madrugada este bar, em horas cristãs, tinha  um silêncio de mosteiro. Na mesa  ao lado, um jovem casal is tocando sua conversinha em voz baixa, mas eu podia ouvir claramente. Ele dizia que era da Mooca e nem precisava dizer, o sotaque revelava. A moça era do interior, informação também desnecessária, dado o erre esticado em certas sílabas, tão presente na fala caipira de São Paulo. Eu acompanhava a conversa discretamente, sem olhar, como quem ouve um programa de rádio. O rapaz se esforçava para impressionar, dizia que gostava de ler, desfiava títulos best-sellers. A namorada, modesta, nem se lembrava do último livro que lera, comentava a novela das oito. Depois, graças a Deus, abandonaram os temas estéticos. Enveredaram pelos floridos caminhos da intimidade. Ela disse "eu te gosto"com voz trêmula, e senti uma vaga inveja por serem tão jovens e tão felizes. Onde estarão hoje, passados tantos anos? Fico a imag...

Poemas de M.P.B: Se Todos Fossem Iguais A Você, Hélio Turco, Jurandir e Alvinho (Mangueira)

Mangueira vai deixar saudade Quando o carnaval chegar ao fim Quero me perder na fantasia Que invade os poemas de Jobim Amanheceu ... O Rio canta de alegria Aconteceu ... A mais linda sinfonia O sol já despontou na serra Doirando o seu corpo sedutor O mar beija a garota de Ipanema A musa de um sonhador É carnaval É a doce ilusão É promessa de vida no meu coração Vem ... Vem amar a liberdade Vem cantar e sorrir Ver um mundo melhor Vem, meu coração está em festa Eu sou a Mangueira em "Tom" maior Salve o samba de terreiro Salve o Rio de Janeiro Seus recantos naturais Se todos fossem iguais a você Que maravilha seria viver Assinar e remover anúncios  cl Samba enredo da Mangueira em 1992  Se Todos Fossem Iguais A Você Tom Jobim e Vinícius de Moraes Vai tua vida Teu caminho é de paz e amor A tua vida É uma linda canção de amor Abre os teus braços e canta A última esperança A esperança divina De amar em paz Se todos fossem Iguais a você Que maravilha viver Uma canção pelo ar Uma mul...

Eu Te Amo, Chico Buarque e Tom Jobim

Ah, se já perdemos a noção da hora Se juntos já jogamos tudo fora Me conta agora como hei de partir Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios Rompi com o mundo, queimei meus navios Me diz pra onde é que inda posso ir Se nós, nas travessuras das noites eternas Já confundimos tanto as nossas pernas Diz com que pernas eu devo seguir Se entornaste a nossa sorte pelo chão Se na bagunça do teu coração Meu sangue errou de veia e se perdeu Como, se na desordem do armário embutido Meu paletó enlaça o teu vestido E o meu sapato inda pisa no teu Como, se nos amamos feito dois pagãos Teus seios inda estão nas minhas mãos Me explica com que cara eu vou sair Não, acho que estás se fazendo de tonta Te dei meus olhos pra tomares conta Agora conta como hei de partir

Passarim, Tom Jobim

Passarim quis pousar, não deu, voou Porque o tiro partiu mas não pegou Passarinho, me conta, então me diz: Por que que eu também não fui feliz? Me diz o que eu faço da paixão? Que me devora o coração.. Que me devora o coração.. Que me maltrata o coração.. Que me maltrata o coração.. E o mato que é bom, o fogo queimou Cadê o fogo? A água apagou E cadê a água? O boi bebeu Cadê o amor? O gato comeu E a cinza se espalhou E a chuva carregou Cadê meu amor que o vento levou? (Passarim quis pousar, não deu, voou) Passarim quis pousar, não deu, voou Porque o tiro feriu mas não matou Passarinho, me conta, então me diz: Por que que eu também não fui feliz? Cadê meu amor, minha canção? Que me alegrava o coração.. Que me alegrava o coração.. Que iluminava o coração.. Que iluminava a escuridão.. Cadê meu caminho? A água levou Cadê meu rastro? A chuva apagou E a minha casa? O rio carregou E o meu amor me abandonou Voou, voou, voou Voou, voou, voou E passou o tempo e o vento levou Passarim quis p...

Fechando Março e o Verão Com As Águas de Tom Jobim

Composta por Tom Jobim há 41 anos, foi eleita pela Folha de São Paulo (juri com jornalistas, músicos e  outros artistas) em 2001 como a melhor canção brasileira de todos os tempos.  Águas de Março, ganhou notoriedade na voz do autor e de Elis Regina. Música e literatura, nunca estiveram distantes e com a grande música de Tom Jobim não é diferente. A composição foi feita numa época em que o autor estava bastante triste, sentindo-se acabado como artista. Esse sentimento pessoal somado a um poema de Olavo Bilac: O Caçador de Esmeraldas ¹  e um ponto de macumba ² que lhe inspiraram, resultaram nessa beleza de música que você pode ouvir aqui com Maria Rita. (1) - Foi em março, ao findar da chuva, quase à entrada do outono, quando a terra em sede requeimada bebera longamente as águas da estação...  (Olavo Bilac) (2) É pau, é pedra, é seixo miúdo, roda a baiana por cima de tudo (Grav. J.B de Carvalho) Fonte: Como Surgiu a ...

A Casa de Oscar, Chico Buarque

Projeto da casa de São Conrado - RJ A casa do Oscar era o sonho da família. Havia um terreno para os lados da Iguatemi, havia o anteprojeto, presente do próprio, havia a promessa de que um belo dia iríamos morar na casa do Oscar. Cresci cheio de impaciência porque meu pai, embora fosse dono do Museu do Ipiranga, nunca juntava dinheiro para construir a casa do Oscar. Mais tarde, num aperto, em vez de vender o museu com os cacarecos dentro, papai vendeu o terreno da Iguatemi. Desse modo a casa do Oscar, antes de existir, foi demolida. Ou ficou intacta, suspensa no ar, como a casa no beco de Manuel Bandeira. Senti-me traído, tornei-me um rebelde, insultei meu pai, ergui o braço contra minha mãe e saí batendo a porta da nossa casa velha e normanda: só volto para casa quando for a casa do Oscar! Pois bem, internaram-me num ginásio em Cataguases, projeto do Oscar. Vivi seis meses naquele casarão do Oscar, achei pouco, decidi-me a ser Oscar eu mesmo. Regressei a São P...

O Rio da Minha Aldeia - Tom Jobim e Fernando Pessoa

Clique na imagem para ouvir a música O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia. O Tejo tem grandes navios E navega nele ainda, Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, A memória das naus. O Tejo desce de Espanha E o Tejo entra no mar em Portugal. Toda a gente sabe isso. Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia E para onde ele vai E donde ele vem. E por isso porque pertence a menos gente, É mais livre e maior o rio da minha aldeia. Pelo Tejo vai-se para o Mundo. Para além do Tejo há a América E a fortuna daqueles que a encontram. Ninguém nunca pensou no que há para além Do rio da minha aldeia. O rio da minha aldeia não faz pensar em nada. Quem está ao pé dele está só ao pé dele. http://som13.com.br/antonio-carlos-jobim/albums/perfil-vol2/o-rio-da-minha-aldeia