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Mostrando postagens com o rótulo resistência

Liberta-te! Poema de Paulina Chiziane

  I Desperta! Lava os olhos no banho da liberdade Busca as tuas pegadas nas frias cinzas da História Regressar às raízes é isto: percorrer caminhos sinuosos Até descobrir o teu brilho no espelho do mundo As campanhas coloniais colocaram-te uma venda nos olhos Resiste. Não te deixes apagar e luta com o que te ofusca Reconhece-te. Estás presente em todas as maravilhas do mundo. A maior intenção da escravatura era esta Reduzir-te. Animalizar-te. Diabolizar-te O interesse do colonialismo, racismo, era este Apagar-te para que nunca te levantes do chão Reconheça-te, africano, nas religiões que dominam o mundo Na riqueza do mundo. Nas matérias-primas de todas as tecnologias Mata os fantasmas e anula o estigma com que te descrevem Que determinava a raça de Deus e o espaço geográfico da sabedoria. II Regressa às raízes e descobre-te. estuda-te Quantos escravos foram vendidos e para onde foram? Não sabes? E por que não procuras saber? Espera que os agressores te deem informação? E como te da...

Dejeto, Marcelo Valença

Sempre que falas  Tuas poucas palavras Não têm amor És de um inverso Ao sério Amargo e vão Só te contentas Com o escárnio Vil e cruel Sustento novamente um triste ser Cansado e entorpecido sem saber De todas as revoluções que o mundo dá Quando é que a tua vai passar Sempre que gritas Tuas ordens pálidas Não tens amor És um repúdio Um tédio Um mal-humor Só te orientas Por mentiras E por papel Sentindo um antigamente florescer No peito de quem julga sem saber Tanta revolução no mundo há Quando é que a tua vai passar? Sempre que calas - Não tens amor Te mostro o espelho Te leio Não tens amor Te jogo na cara Teu erro Não tens amor Sustento ativamente um livre ser Perfeita discordância de você Tantas revoluções o mundo dá Decerto a tua vai passar

Indignai-vos!, Stéphane Hessel (1)

      Noventa e três anos. Pode-se falar em etapa final. O fim não está longe. Que sorte poder aproveitar para lembrar o que serviu de base ao meu engajamento político: os anos de resistência e o programa elaborado há 66 anos pelo Conselho Nacional de Resistência! Devemos a Jean Moulin, no âmbito desse conselho, a reunião de todos os components da França ocupada, os movimentos, os partidos, os sindicatos, para proclamarem sua adesão à França combatente e ao único chefe que ela reconhecia: o general De Gaulle. De Londres, onde se juntara a De Gaulle em março de 1941, soube que esse Conselho havia organizado um programa e que o tinha adotado em 15 de março de 1944, propondo para a França libertada um conjunto de princípios e de valores sobre os quais se apoiaria a moderna democracia de nosso país.       Mais do que nunca, hoje temos necessidade desses princípios e valores. Precisamos nos manter vigilante, todos juntos, para que esta continue sendo uma s...

Nascida em 3 de maio: Nélida Piñon

Nélida Piñon termina novo livro, protesta contra a censura e diz que o espírito e a unidade do país podem se perder A escritora Nélida Piñon teme que o Brasil perca a sua essência nos conflitos que vive atualmente e manda um recado ao poder: “É preciso que Brasília entenda, o Estado brasileiro, a Presidência entendam que o Brasil já avançou muito na sua história para retroceder.” A reação vem contra o ambiente de censura que reaparece e que ela conhece bem. Diz que é uma “audácia” censurar Machado de Assis. “É tentar arrancar o Brasil do seu próprio mapa.” Certa vez, Nélida foi a Brasília levar pessoalmente o recado contra a censura. Foi em 25 de janeiro de 1977 e o destinatário era o então ministro da Justiça Armando Falcão. Foi o “manifesto dos mil”, com 1.047 assinaturas, escrito por várias mãos, inclusive as dela, depois de um encontro de escritores no ano anterior. O movimento foi articulado para ser um ato forte contra o que estava impedindo a publicação de inúmeros livros....