O Bordado, A Pantera Negra, Raimundo Carrero O punhal alumiando. Os olhos faiscando no fundo da moita. A noite - pantera negra - esconde o mato. Simão bugre, cartucheiras cobrindo o dorso, arrasta-se, abrindo caminho, Sente os espinhos enfincando-se no peito. Rasga a pele com a unha fina: o sangue corre. Enfurecido pela dor, esmagam cacto, Parece uma fera acuada. recebe a pancada do vento no rosto como se fosse um coice. Agora, a moita está às costas. Não vê as matas se perdendo nos confins, mas tem na mente todos os caminhos e estradas. Perdido entre o silêncio e as trevas está o mundo Santos dos Umãs. O punhal alumiado parece espelho. A fera pisa com rigidez, sacode a brutalidade dos seus músculos. O tempo caminha em passos apressados para a madrugada. Antes, o trovão geme atrás das nuvens, depois a chuva despenca, saciando a sede da terra. Simão Bugre apalpa a arm...