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Mostrando postagens com o rótulo pai

Mãe É Quem Fica, Bruna Estrela

           Mãe é quem fica. Depois que todos vão. Depois que a luz apaga. Depois que todos dormem. Mãe fica.      Às vezes não fica em presença física. Mas mãe sempre fica. Uma vez que você tenha um filho, nunca mais seu coração estará inteiramente onde você estiver. Uma parte sempre fica.      Fica neles. Se eles comeram. Se dormiram na hora certa. Se brincaram como deveriam. Se a professora da escola é gentil. Se o amiguinho parou de bater. Se o pai lembrou de dar o remédio.      Mãe fica. Fica entalada no escorregador do espaço kids, pra brincar com a cria. Fica espremida no canto da cama de madrugada pra se certificar que a tosse melhorou. Fica com o resto da comida do filho, pra não perder mais tempo cozinhando.      É quando a gente fica que nasce a mãe. Na presença inteira. No olhar atento. Nos braços que embalam. No colo que acolhe.      Mãe é quem fica...

A Casa, Mia Couto

Sei dos filhos pelo modo como ocupam a casa: uns buscam os recantos, outros existem à janela. A uns satisfaz uma sombra, a outros nem o mundo basta. Uns batem com a porta, outros hesitam como se não houvesse saída. Raras vezes sou pai. Sou sempre todos os meus filhos, sou a mão indecisa no fecho, sou a noite passada entre relógio e escuro. Em mim ecoa a voz que, à entrada, se anuncia: cheguei! E eu sorrio, de resposta: chegou? Mas se nunca ninguém partiu… E tanto em mim demoram as esperas que me fui trocando por soalho e me converti em sonolenta janela. Agora, eu mesmo sou a casa, casa infatigável casa a que meus filhos eternamente regressam.  - Mia Couto, em “Tradutor de chuvas”.  Lisboa: Editorial Caminho, 2011. Imagem:www.asadoutrina.com.br

Atrás do Tronco, Marina Colasanti

Toda vez que o nome do meu pai ou a expressão "meu pai" vem combinada com a palavra "guerra" uma alta palmeira cresce em mim e atrás do tronco há um homem escondido. Um homem escondido que pode ser um morto ou pode ser um assassino um homem tão oculto quanto oculto é o seu destino. É o inimigo ali posto pela voz do meu pai quando lhe perguntei se havia matado muitos nas tantas guerras de que se orgulhava. Na guerra  disse ele é impossível saber se o inimigo escondido atrás de um tronco aquele em que atiramos em defesa e que não mais se vê está vivo está morto está ferido ou sequer estava atrás do tronco. In: Colasanti, Marina,Gargantas Abertas, Rio de Janeiro:  Rocco,1998

O Auto do Frade, Livro e Filme , Pai e Filha

Frei Caneca       Não conheço toda a obra de João Cabral de Melo Neto . Falar a verdade não conheço a de ninguém e vivo em débito com as leituras. A inflação de bons livros e autores sempre vai me deixar devendo. Uma pena!  Falo isso porque nem lí o livro O Auto do Frade ,do autor pernambucano, e já vem por aí o filme feito por Inez Cabral.  O Auto do Frade é uma poesia que João Cabral de Melo Neto fez contando a história dos últimos momentos de Frei Caneca . O autor dizia que o país era ingrato com o religioso e político Frei Caneca. Para ele o Brasil havia esquecido a Confederação do Equador e a Revolução Pernambucana, lideradas por Frei Caneca.  De tanto reclamar e dizer à filha que se soubesse faria um filme a respeito do frade, Inez Cabral acabou por realizar o desejo do pai.      O projeto do filme que terá distribuição gratuita  recebeu aprovação da Lei  Rouanet. Inez Cabral (imagem ao l...

Querido Theo (postagem excepcional)

                                              "Um bebê muito amado e querido por todos vem para  bagunçar!                                          THEO   está chegando".  (Seu pai)                                          Olhem, a calcinha bunda rica, vai ficar pra depois!!!! (Sua mãe)           ...

Aos pais: abraço do blog

 Este blog abraça os pais que estão na frente da fila e aplaude os do meio.  Nos que hoje estão no fim da fila apenas como espectadores  e recebedores do carinho dos da frente, o Livro Errante credita imensa esperança. As mãos do meu pai. Mário Quintana Imagem do google As tuas mãos tem grossas veias como cordas azuis sobre um fundo de manchas já cor de terra — como são belas as tuas mãos — pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram na nobre cólera dos justos... Porque há nas tuas mãos, meu velho pai, essa beleza que se chama simplesmente vida. E, ao entardecer, quando elas repousam nos braços da tua cadeira predileta, uma luz parece vir de dentro delas... Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente, vieste alimentando na terrível solidão do mundo, como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento? Ah, Como os fizeste arder, fulgir, com o milagre das tuas mãos. E é, ainda, a vida que transfigura das tuas mãos nod...