Sou como um gato na noite. Ah, meus olhos de vigia! Se choram de madrugada, Deságuam no meio dia E o coração se incendeia, No leito das minhas veias, Chuva de olho é sangria. Se eu cruzasse a madrugada Sem pensar no outro dia, Sem fazer acrobacias Pra me equilibrar no tempo... Se girasse um cata-vento Eu mudava a geografia, Meus olhos de vigia Enxergam não podem nada E o coração seca em água Chuva de olho é sangria Em: O Poeta da Madrugada, Alceu Valença, Chiado Editora, 2015, pág.35