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Mostrando postagens com o rótulo Poeta da Madrugada

Gato na Noite, poema de Alceu Valença

Sou como um gato na noite. Ah, meus olhos de vigia! Se choram de madrugada, Deságuam no meio dia E o coração se incendeia, No leito das minhas veias, Chuva de olho é sangria. Se eu cruzasse a madrugada Sem pensar no outro dia, Sem fazer acrobacias Pra me equilibrar no tempo... Se girasse um cata-vento Eu mudava a geografia, Meus olhos de vigia Enxergam não podem nada E o coração seca em água Chuva de olho é sangria Em: O Poeta da Madrugada, Alceu Valença, Chiado Editora, 2015, pág.35

Poema de Fim da Feira, Alceu Valença

Imagem do site Kleber Leite A noite rendendo a tarde, Toda Sexta é mesmo assim, Depois do sol em declínio, A feira chegando ao fim. Um bêbado declama um verso Na frente de um botequim: É o resto, É a sobra É o sobejo, É a casca É a banana É a calçada, Melancólicas Melancias Mordiscadas. É a feira Que agoniza Triturada Bebida Sorvida, Deglutida, Mastigada, Ela vive E agoniza Em becos, Praças, Calçadas. De manhã, Chegou gorda E bem faceira. Pouco a pouco Foi perdendo O movimento. virou resto, Monturo, Bagaceira. Peleja da vida Com o bicho do tempo. In O Poeta da Madrugada, Alceu Valença.