Anteontem, minha gente, Fui juiz numa função De violeiros do Nordeste Cantando em competição Vi cantar Dimas Batista E Otacílio seu irmão Ouvi um tal de Ferreira, Ouvi um tal de João. Um, a quem faltava um braço, Tocava cuma só mão; mas, como ele mesmo disse Cantando com perfeição, Para cantar afinado Para cantar com paixão A força não está no braço: Ela está no coração. Ou puxando uma sextilha Dimas e Otacílio em festival no Rio de Janeiro Ou uma oitava em quadrão, Quer a rima fosse em inha Qrimas do céu, Saltavam rimas do chão! Tudo muito bem medido No galope do sertão. A Eneida estava boba; O Cavalcanti bobão, O Lúcio , o Renato Almeida; Enfim, toda a comissão. Saí dali convencido Que não sou poeta não; Que poeta é quem inventa Em boa improvisação Como faz Dimas Batista E Otacílio, seu irmão; Como faz qualquer violeiro Bom cantador do sertão, A todos os quais, humilde, Mando a minha saudação. Nota: M.B fez o poema depoi...