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Mostrando postagens com o rótulo empregada doméstica

O Preto de Dona Conceição, Antonio Neto

      Era o almoço do casamento da minha tia Lúcia com o tio Quim; almoço animado de gente da periferia, muitos compadres e comadres, tios e tias, primos distantes que apareciam para a confraternização. Para as crianças, o evento era uma chance formidável para brincar e fazer travessuras. Havia meninos de vários tamanhos, cores e temperamentos. Ajuntamento de menino não sai coisa que presta, sempre algum inventa alguma peraltice ou até mesmo uma maldade infantil. Na frente da casa havia uma cerca frágil e alguns pés de frutas cítricas. Foi ali que quatro meninos ficaram entrincheirados: Airton, Tonho, Gi e Noel. Entre as pequenas árvores fizeram o quartel-general e ficaram à espera de algum fato que rendesse alguma travessura.    Nessas vilas suburbanas – rebarbas da cidade – vivem pencas de famílias paupérrimas, gente quase sem roupa, sem comida, sem saúde ... Sem o brilho da vida no olhar. Uma dessas criaturas de Deus se aproximou da casa de Dona Terezinha e ...

A Sociologia Dos Prédios, Aluízio Falcão.

Quem mora em prédio sabe do que estou falando. Há todo um mecanismo sociológico engendrando as relações entre condôminos. estes, na maioria, têm uma convivência precária, de piscina e elevador.Não se visitam, nem saem juntos, mas conversam animadamente nos encontros episódicos, como se fossem velhos amigos. Gracejam sobre futebol, falam mal do síndico e da República.Parecem detestar o seu país. "Só mesmo no Brasil!", costumam dizer, referindo-se a uma sacanagem qualquer. São favoráveis à pena  de morte, votam em Maluf.       Os condôminos, com raras exceções, fazem questão do máximo respeito à hierarquia dos elevadores: o social para as famílias residentes, o de serviço, para empregadas domésticas. Pois foi neste último que  me aconteceu entrar às pressas. Sem olhar direito para uma pessoa que lá estava, cumprimentei maquinalmente: bom-dia! Não houve resposta. Era uma senhora de certa idade, usando avental de empregada. Olhava-me com um certo espanto ...

Qual Era o livro Mais Vendido No ano Em Que Você Nasceu? (1)

A Revista Superinteressante trouxe a pergunta: Qual Era O Livro Mais Vendido No Ano Em Que Você Nasceu?   Trouxe  resposta do ano em que meus filhos nasceram. Não havia esse ranking quando eu nasci ..   No ano de minha filha, Suzana, o livro foi A Falta Que Ela Me faz , de Fernando Sabino . Trago, então, a crônica que nomeia a obra: Como bom patrão, resolvi, num momento de insensatez, dar um mês de férias à empregada. No princípio achei até bom ficar completamente sozinho dentro de casa o dia inteiro.      Podia andar para lá e para cá sem encontrar ninguém varrendo o chão ou espanando os móveis, sair do banheiro apenas de chinelos, trocar de roupa com a porta aberta, falar sozinho sem passar por maluco.      Na cozinha, enquanto houvesse xícara limpa e não faltassem os ingredientes necessários, preparava eu mesmo o meu café. Aprendi a apanhar o pão que o padeiro deixava na área " tendo o cuidado ...