Todos os museus têm medo de mim porque cada vez que fico um dia inteiro em frente de um quadro, no dia seguinte se anuncia o seu desaparecimento. Todas as noites sou flagrado roubando em outra parte do mundo, mas eu não me importo com as balas que silvam perto dos meus ouvidos e com os cães-lobos que conhecem agora o cheiro dos meus rastros melhor que os namorados o perfume da amada. Falo alto com as telas que põem em perigo a minha vida penduro-as nas nuvens e nas árvores e recuo para ter perspectiva. Com os mestres italianos pode-se ter facilmente uma conversa. Que algazarra de cores! Também por esse motivo com eles sou flagrado rapidamente visto e ouvido à distância como se levasse papagaios nos braços. O mais difícil é roubar Rembrandt: estendes a mão e encontras a escuridão – Ficas horrorizado, os seus homens não têm corpos apenas têm olhos fechados em caves escuras. As telas de Van Gogh são doidas giram e dão cambalhotas e tenho de segurá-las bem ...