Sou
a planta humilde dos quintais pequenos
e
das lavouras pobres.
Meu
grão, perdido por acaso,
nasce
e cresce na terra descuidada.
Ponho
folhas e haste, e, se me ajudardes, Senhor,
mesmo
planta de acaso, solitária,
dou
espigas e devolvo em muitos grãos
o
grão perdido inicial, salvo por milagre,
que
a terra fecundou.
Sou
a planta primária da lavoura.
Não
me pertence a hierarquia tradicional do trigo,
de
mim não se faz o pão alvo universal.
O
justo não me consagrou Pão de Vida
nem
lugar me foi dado nos altares.
Sou
apenas o alimento forte e substancial
dos
que trabalham a terra,
Quando
os deuses da Hélade corriam pelos bosques,
coroados
de rosas e de espigas,
e
os hebreus iam em longas caravanas
buscar
na terra do Egito o trigo dos faraós,
quando
Rute respigava cantando nas searas de Booz
e
Jesus abençoava os trigais maduros,
eu
era apenas o bró nativo das tabas ameríndias.
Fui
o angu pesado e constante do escravo
na
exaustão do eito.
Sou
a broa grosseira e modesta do pequeno sitiante.
Sou
a farinha econômica do proprietário, sou a polenta
do
imigrante e a amiga dos que começam a vida
em
terra estranha.
Alimento
de porcos e do triste mu de carga,
o
que me planta não levanta comércio,
nem
avantaja dinheiro.
Sou
apenas a fartura generosa
e
despreocupada dos paióis.
Sou
o cocho abastecido donde rumina o gado.
Sou
o canto festivo dos galos
na
glória do dia que amanhece.
Sou
o cacarejo alegre das poedeiras
à
volta dos ninhos.
Sou
a pobreza vegetal agradecida a vós,
Senhor,
que
me fizestes necessário e humilde.
Sou
o milho!
Doodle do Google em 20.8.2017
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