Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens com o rótulo estações

A Elegia do Outono, Olegário Mariano

No bailado das folhas amarelas Velhinho trêmulo e setuagenário Rico se sensações e de lendas singelas, O outono aí vem...  Segundo reza o calendário. Aí vem de novo o céu nevoento... As árvores já estão tristes e pensativas: O outono deve atuar no sentimento Das crianças vibráteis e emotivas. A alma de poeta que ama o silêncio e o abandono Num reflexo diluído de ametistas, Vendo e sentindo o outono, Canta felicidades nunca vistas. O outono aí vem sonâmbulo...Trescala Com ele um cheiro novo de folhagem. O outono é humano, o outono fala Pelo gesto indeciso da paisagem... Não há sol. A neblina passa rente Da superfície azul da água estagnada. As folhas cantam comovidamente Canções de notas verdes pela estrada... E vão morrer depois fracas e débeis Contorcidas em gestos de ansiedade... Vendo-a, afino as cordas flébeis Da minha extrema sensibilidade. O outono lembra frases murmuradas Ao ouvido de alguém num gesto lento: Levou o outono as tuas mãos fanada...

Em Uma Tarde de Outono, Olavo Bilac

O utono. Em frente ao mar. Escancaro as janelas Sobre o jardim calado, e as águas miro, absorto. Outono... Rodopiando, as folhas amarelas Rolam, caem. Viuvez, velhice, desconforto... Por que, belo navio, ao clarão das estrelas, Visitaste este mar inabitado e morto, Se logo, ao vir do vento, abriste ao vento as velas, Se logo, ao vir da luz, abandonaste o porto? A água cantou. Rodeava, aos beijos, os teus flancos A espuma, desmanchada em riso e flocos brancos... Mas chegaste com a noite, e fugiste com o sol! E eu olho o céu deserto, e vejo o oceano triste, E contemplo o lugar por onde te sumiste, Banhado no clarão nascente do arrebol. .. Olavo Bilac, in "Poesias" Imagem: www.calendariobr.com.br