No bailado das folhas amarelas
Velhinho trêmulo e setuagenário
Rico se sensações e de lendas singelas,
O outono aí vem... Segundo reza o calendário.
Aí vem de novo o céu nevoento...
As árvores já estão tristes e pensativas:
O outono deve atuar no sentimento
Das crianças vibráteis e emotivas.
A alma de poeta que ama o silêncio e o abandono
Num reflexo diluído de ametistas,
Vendo e sentindo o outono,
Canta felicidades nunca vistas.
O outono aí vem sonâmbulo...Trescala
Com ele um cheiro novo de folhagem.
O outono é humano, o outono fala
Pelo gesto indeciso da paisagem...
Não há sol. A neblina passa rente
Da superfície azul da água estagnada.
As folhas cantam comovidamente
Canções de notas verdes pela estrada...
E vão morrer depois fracas e débeis
Contorcidas em gestos de ansiedade...
Vendo-a, afino as cordas flébeis
Da minha extrema sensibilidade.
O outono lembra frases murmuradas
Ao ouvido de alguém num gesto lento:
Levou o outono as tuas mãos fanadas
E atirou-as com pétalas ao vento...
O outono é a última nota agonizante
De um velho órgão plangendo, emocional,
No coração bruxuleante
De alguma velha catedral.
Outono! Evocação de coisas mortas!
.... Folha que andaste, asa perdida no ar,
Por que fugiste às outras portas
E vieste à minha porta agonizar?
Ah folha morta! Assim desiludida,
Rolando ao léu do acaso pelo chão,
És um farrapo trêmulo de vida...
Um velho trapo de recordação.
Mariano, Olegário
Toda uma vida de poesia, vol.1, pag 55-56
Nota: o blog atualizou a ortografia.
Imagem: Regina Porto.
Velhinho trêmulo e setuagenário
Rico se sensações e de lendas singelas,
O outono aí vem... Segundo reza o calendário.
Aí vem de novo o céu nevoento...
As árvores já estão tristes e pensativas:
O outono deve atuar no sentimento
Das crianças vibráteis e emotivas.
A alma de poeta que ama o silêncio e o abandono
Num reflexo diluído de ametistas,
Vendo e sentindo o outono,
Canta felicidades nunca vistas.
O outono aí vem sonâmbulo...Trescala
Com ele um cheiro novo de folhagem.
O outono é humano, o outono fala
Pelo gesto indeciso da paisagem...
Não há sol. A neblina passa rente
Da superfície azul da água estagnada.
As folhas cantam comovidamente
Canções de notas verdes pela estrada...
E vão morrer depois fracas e débeis
Contorcidas em gestos de ansiedade...
Vendo-a, afino as cordas flébeis
Da minha extrema sensibilidade.
O outono lembra frases murmuradas
Ao ouvido de alguém num gesto lento:
Levou o outono as tuas mãos fanadas
E atirou-as com pétalas ao vento...
O outono é a última nota agonizante
De um velho órgão plangendo, emocional,
No coração bruxuleante
De alguma velha catedral.
Outono! Evocação de coisas mortas!
.... Folha que andaste, asa perdida no ar,
Por que fugiste às outras portas
E vieste à minha porta agonizar?
Ah folha morta! Assim desiludida,
Rolando ao léu do acaso pelo chão,
És um farrapo trêmulo de vida...
Um velho trapo de recordação.
Mariano, Olegário
Toda uma vida de poesia, vol.1, pag 55-56
Nota: o blog atualizou a ortografia.
Imagem: Regina Porto.
Comentários
Postar um comentário
comentários ofensivos/ vocabulário de baixo calão/ propagandas não são aprovados.