Uma gruta,na solidão da noite hebraica.A estrela tremeluz, indecisa: - Sou Estrela de outros céus, mas vim brilhar em Belém. Por que cintilei, ao léu, até aqui. Para quem? O Anjo entreabre as asas, com timidez: -Sou Anjo do firmamento e vim proteger Belém. Parece que há louvamento, hoje, aqui. Mas para quem? Em plena escuridão, o Galo cocorica, como pressentindo a madrugada: - Sou Galo de longes terras, mas vim cantar em Belém. Por que cruzei tantas terras, sem milho algum. Para quem? O grito do Galo corta as nuvens como um gemido. A Estrela , luziluzindo, é menos que um vagalume, na altura. O Anjo vê a ave, a crista inquieta. Seu puríssimo raciocínio deduz: -É um galo músico, desses que cantam de maneira particular Nenhum ruído na gruta, até o ar ficou imóvel. Eis que se escutam barulhinhos na relva: são as Ovelhas chegando. A primeira bale muito devagar: - Sendo Ovelhas de outras ervas,...