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Mostrando postagens com o rótulo Ladyce West

Alma Penada, poema de Ladyce West

Alma penada Não cobri espelhos, não acendi velas Não recolhi fotos, não fiz orações, nem vigília ou velório. Não encaminhei sua alma Não chamei padre, rabino, pastor ou mulá. Não queimei incenso: pois você detestava; mas li para você uma poesia de adeus, de partida e voltei para casa, amortecida. Metade de mim, você levou. Impostora, a que ficou, vagou por aí. Davam-me por viva, imagine... Alma penada que sou. Em: Vozes do Luto: a dor de quem fica . Organização e Ediçao: Monique Machado, Rio de Janeiro, Do livro não me livro, 2024, pág. 132

Um Molho de Chaves, poema de Ladyce West

A primeira: do diário Depois, a do cadeado da bicicleta, do armário da piscina e prateleira do colégio. Da escrivaninha no quarto, a de casa, do carro do primeiro apartamento, da caixa dos Correios do portão do edifício. Só falta uma... Você me dá? Abre o seu peito e me entrega ou o coração já tem dono? Em: À Meia Voz, Ladyce West. 2020 pág.70 Primeiro texto da série: página 70.

Feijão Orgânico, Ladyce West

Tenho uma amiga dedicada à produção orgânica, com fazenda no interior do estado de São Paulo. Recebi dela um quilo de feijão carioca.  “É para colocar na geladeira. Não precisa deixar de molho de véspera, basta umas duas horas antes de cozinhar. Depois, cozinha em quinze minutos.” “Você não vai acreditar na delícia que é”, interveio, uma amiga em comum que faz ioga conosco. “Mas, olha,” disse a fazendeira, “tem que catar. Porque tudo é feito à mão e vem com pedrinhas, palha, alguns elementos da terra.” Mal sabia que esta demanda iria me causar meia hora de grande prazer, e um dia repleto de memórias. Há muitos anos não cato feijão.   Encontrar ciscos foi encontrar minha avó, depois meu pai e a infância degustatória. Sentadas, na sala de jantar, o jornal do dia anterior aberto sobre a mesa, uma pilha de feijão no canto cobrindo as manchetes antigas, uma tigela para cada uma, catávamos feijão para o almoço.   Minhas mãos pequeninas, de quatro a cinco anos, selec...

Silêncio, Ladyce West

Silêncio é música. É melodia. É o que dá ritmo  e vida ao meu compasso. De moderado a staccato, o silêncio me carrega me leva e suspende em hiato. Ele dá cadência ao fluir da existência. Escorrega entre sílabas entre palavras. Cala. trava, grávido, solteiro, inconsequente, pesado. Pulsa. Faz do surdo, o sonoro. O silêncio para. Breca. E retoma a melodia de fundo da vida. É indispensável. Em: À Meia Voz, Ladyce West, Ed.Autografia 2020. Pág.87 Disponível capa comum ou kindle  na Amazon

Revelação, Ladyce West

 É mágica. Parece. Não sei de onde vem. Basta sentar. Limpar a mente ter silêncio e deixar vir. Não bem ao acaso. Como na pesca, o peixe não vem à sua mão. A intenção precisa estar lá o intuito demonstrado no anzol. Na isca. A sorte, então, determina o que vai subir, chegar à tona: frase, pensamento, preocupação recôndita. Pergunta intermitente sentimento sem nome a lágrima engolida humor ocasional. Escrever é isso desnudar-me Fazer sentido do caos Falar à meia voz para não acordar os pássaros, para não agitar águas turvas, para não trincar a frágil redoma que encerra minha existência. Em: À Meia Voz , Ladyce West, 2020, pág.9

Sonho, Ladyce West

Sapatilha de cetim  rosa, mágica. r Nos pés da menina, flutua. Passe para o sonho, bilhete para outra vida. Ela dança esvoaça na esperança. Borboleta-menina, trêmula no desejo, pousa no palco. Vacila, hesita, titubeia, enrijece e não cai, não perde a visão do futuro do objetivo final: voar. Apoiada em sonhos, levada pelo desejo, desafia a física e os deuses. Uma chama de rebeldia, um lampejo de independência firma-se na maciez do cetim rosa inquieta.  Em: À Meia Voz , Ladyce West Imagem: Owaldo Ibañez - Unsplash

Conhecendo e Recomendando Novos Autores: Ladyce West

     Conheci Ladyce West  há mais de uma década no bom e velho Orkut. Grande leitora e dona de um blog formidável que criou para compartilhar cultura Ladyce West é ativa no grupo de leitura Livro Errante até hoje. Dá ótimas indicações, posta no blog resenhas muito interessantes. Não sabia, apesar de tanto tempo de convívio,  que tinha o talento da poesia.  Quando me mostrou os originais do livro À Meia Voz tive uma surpresa enorme! Na verdade degustar o livro   me deu  foi uma felicidade misturada com orgulho.     Falei de À Meia Voz, aqui no blog  e no começo deste ano postei Cerimônia Matinal , um dos belos poemas  do livro A primeira edição do livro está esgotada, mas já tem outra saindo brevemente.  Recomendo a leitura.  Encomende seu exemplar                                              ...

Cerimônia Matinal, Ladyce West

Lá vêm as maritacas outra vez fazer minha janela de palanque. Aproveitam a manhã ensolarada empoleiram-se no estreito parapeito e começam a algazarra habitual. Cinco mocinhas turbulentas, faladeiras começam por medir o janelão desfilando como numa passarela fila indiana, requebrando em cortejo. Vão e voltam, voltam e vão bem circunspectas cobrindo a extensão do peitoril e desengonçadas, escorregam no granito. Ao final do ritual extravagante postam-se juntas, bem-dispostas e falantes, na beirada da janela de onde as vejo. Uma conversa, outra responde; uma resmunga, outra palpita. Se alguém uma interrompe, outra replica impulsiva. O que contam umas pras outras animadas? É debate, mesa-redonda ou controvérsia? Sem aviso, inicia-se um conflito. Como se xingam umas às outras é mistério. Se se entendem, ninguém sabe ou saberá. Papagueiam incansáveis depois passam pros murmúrios dos cochichos vão às queixas e gemidos para no fim parecerem apaziguadas indo pra casa, no edifício que habitam c...

Livro Errante: Melhores Leituras de 2020

Carta à Rainha Louca , Maria Valéria Rezende A Lebre Com Olhos de Âmbar , Edmund De Waal Homens Imprudentemente Poéticos , Valter Hugo Mãe O Pecado de Porto Negro , Norberto Morais A Sombra do Vento , Carlos Ruiz Zafón Em 2020  vários  livros circularam entre  18 leitores no grupo LivroErrante . No momento 41 exemplares estão sendo lidos e/ou em trânsito enviados de um leitor a outro pelos Correios.  Os livros acima ( em ordem alfabética) foram os que consideramos nossas melhores leituras.  À parte trago um livro excelente e recém lançado livro: À Meia Voz , de Ladyce West. Já li e recomendo. Vai circular no grupo LivroErrante no próximo ano.

Recomendo: À Meia Voz, Ladyce West

        É com o maior orgulho que apresento e recomendo o livro Ladyce West, nossa colega de grupo de leitura há mais de uma década.   Textos simples de grande beleza e sensibilidade, sua poesias encantam  e enternecem os leitores.   Recomendo.   Descrição Perfume de goiabas, o calor do verão, maritacas à janela são experiências tipicamente tropicais. Viver no Brasil está sempre ligado à abundante riqueza natural. Essas evocações preenchem a alma de quem esteve fora, e observou outra natureza, mais fria e ordenada. Destes sessenta poemas, um único é dedicado à realidade de clima ameno. Chama-se “Forsítia”, a primeira planta a florir em clima temperado, quando ainda há neve no solo. Fora isso, são meditações sobre a realidade tropical. (Site da editora) À Meia Voz, Ladyce West  está à venda diretamente na editora. Para comprar clique aqui

Eu Tambem Leio - Grupo para adolescentes,

GRUPO DE LEITURA PARA ADOLESCENTES ENTRE 14 e 17 anos. Leitura de 1 livro por mês. Um encontro semanal para discussão do livro em questão. Vagas limitadas. Livraria Única. Em Copacabana. Telefone e faça a sua reserva: ESPAÇO ÚNICA Av. Nossa Sra. de Copacabana 1072/ 1205 Tels: (21) 2247-7895 ou 97190-9834 www.unicagestao.com Se você não tem adolescentes na família, poderia por favor passar essa informação para quem você conhece com adolescentes?  COMPARTILHE! --

Primeiro Poema do blog

          Continuo mexendo no bau dos 5 anos do blog e descubro muito satisfeita que o primeiro dia poético que havia era a quarta-feira e estreou com um  poema de Ladyce West. A peregrina cultural , Ladyce, é companheira de leitura, desde 2008.       Uma pessoa séria, curiosa e inteligente que fez um blog para, dentre outras coisas, compartilhar seus conhecimentos e descobertas.  Leia aqui , o primeiro poema postado no LivroErrante e depois vá lá conferir o blog da Ladyce . Recomendo sem medo de errar.

Sexta poética - 3: Querem Me Vender Um Sítio Em Piraí, Ladyce West

Querem me vender um sítio em Piraí: " Excelente oportunidade, verdadeira bagatela, Uma banalidade para terra e alojamento De boa utilidade. Não é esparrela, nem barbaridade, Herdade igual a esta, eu mesmo, nunca vi!” Diz-me o corretor, mostrando-me o croqui, As fotos, os papéis, o que achou preciso, Para me convencer a visitar e, quem sabe, comprar Uma pequena porção, uma quota, Uma ação, do meu próprio paraíso. Não sou avessa a uma casa de campo. Muito pelo contrário. Eu também gostaria De lá guardar meus amigos e livros. Mas não me venham com casas modernas, De madeira ou tijolos, com piscina olímpica , Churrasqueira e sauna que me cozinhe os miolos. Campo de futebol, de vôlei e salão de festas. Porteira fechada com gado leiteiro e pomar de kiwi. "E já vem com caseiro, cozinheiro e faxineiro! Que mais a senhora pode querer por aqui?" Quem pensa que sou? Que quero um clube, Uma casa de festas, taverna, hospedaria? "A senhora é perspicaz! Já que tocou no assunto... ...

Quarta-feira em poesia

Não Me Peçam Por Um Jardim Gramado   Ladyce West -   Não me peçam por um jardim gramado, Por um tapete verde, cobertor esperançoso, Alfombra ondulada que revele As curvas sensuais do meu terreno. Este sítio de sopé, Que acaba num riacho tortuoso, Borbulhante, cascateado, Ao fundo do alqueire -- Este meu domínio -- Já é sedutor suficiente, Insinuante e dissimulado, Amante insincero e encantador. Grama aparada, curtinha, fechada, Tecida na terra vermelha, Para mim é coisa estrangeira, De campo de golfe, ou de mansão inglesa. Não mostra toda a riqueza de textura, Das plantas que verdejam nossos quintais. Prefiro as forrações de terreno tropicais, Densas na trama, rebeldes, sem frescuras.