Aquela que na flor da primavera Ontem perpétua ser nos prometia, Hoje, quando mais bela parecia Ao golpe sucumbiu da Parca fera. Sua alma, já vingando a azul esfera, Vai o nume buscar, que veste o dia, E do corpo, que é terra, a terra fria Apesar dos amantes se apodera. Que ilusa vives, néscia formosura, Pensando eternizar-se loucamente Se Nize bela vês na sepultura! Não se evade ao cutelo um só vivente, Corta co'o mesmo gume a Parca dura O mísero pastor, o rei potente. (In Poesias oferecidas aos amantes do Brasil, Lisboa 1822) ( José da Natividade Saldanha, 1776-1832)