A MORTE E O LENHADOR Marcos Mairton (adaptado da fábula de La Fontaine) Foi o francês La Fontaine Quem, certa vez, me contou A história de um homem Que pela morte chamou, Mas depois se arrependeu, Quando ela apareceu E perto dele chegou. Era um velho lenhador Que andava muito cansado Do fardo que, até então, Ele havia carregado. Um fardo que parecia Sempre e sempre, a cada dia, Mais incômodo e pesado. Estava velho e doente, Sentia o corpo doído. Maltratado pelo tempo, Seu semblante era sofrido. Seguia, assim, seu caminho, Atormentado e sozinho, Sempre sujo e mal vestido. Certa vez, ao fim do dia, Quando ia pela estrada, Para a choupana que então Lhe servia de morada, Foi obrigado a parar Um pouco pra descansar Da extensa caminhada. Trazia um feixe de lenha Que foi buscar na floresta. Largou a lenha no chão, Passou a mão pela testa, Maldizendo-se da sorte, Pensou: – É melhor a morte, Que uma vida que não presta. – Não consigo carregar Essa lenha tão pesada. Já não tenho mais ...