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Mostrando postagens com o rótulo Beethoven

Música e Literatura, depoimento de Gabriel García Márquez

“No México, enquanto escrevia «Cem Anos de Solidão» — entre 1965 e 1966 —, só tive dois discos que se gastaram de tanto serem ouvidos: os Prelúdios de Debussy e «A hard day's night» dos Beatles. Mais tarde, quando por fim tive em Barcelona quase tantos como sempre quis, pareceu-me demasiado convencional a classificação alfabética e adoptei para minha comodidade privada a ordem por instrumentos: o violoncelo, que é o meu favorito, de Vivaldi a Brahms; o violino, desde Corelli até Schõnberg; o cravo e o piano, de Bach a Bartók. Até descobrir o milagre de que tudo o que soa é música, incluídos os pratos e os talheres no lava-loiças, sempre que criem a ilusão de nos indicar por onde vai a vida. . A minha limitação era que não podia escrever com música porque prestava mais atenção ao que ouvia do que ao que escrevia, e ainda hoje assisto a muito poucos concertos porque sinto que na cadeira se estabelece uma espécie de intimidade um pouco impudica com vizinhos estranhos. No ent...

Beethoven e o telessexo, Manoel Herzog

⠀          “Sex Call-Center, boa noite, com quem falo?”           "Ludwig van.”  ⠀    “Boa noite senhor Lúdi, hoje estamos tendo uma noite promocional, estamos disponibilizando: vozes louras, disque 1; índias, disque 2; asiáticas, disque 3; outras etnias disque 4.”  ⠀⠀⠀⠀Desde uma Europa branca, erudita e cansada, desejoso de uma voz negra-blues-singer-gospel, disquei o quatro.  ⠀⠀⠀⠀“Certo, senhor Lúdi, ainda fala comigo. Que tipo de etnia o senhor estaria desejando?”  ⠀⠀⠀⠀“Na verdade uma voz negra, que case bem o ritmo com minha linha melódica. Questão de harmonia. ⠀⠀⠀⠀         “Certo, senhor Lúdi, vamos estar direcionando o senhor para a atendente Sarah. Bom divertimento. O número de seu cartão de crédito, por favor.”  ⠀⠀⠀Durante a operação tive a satisfação egóica de sempre que ligo no telefoda – ouvir uma composição minha.  ⠀⠀⠀“tananã – nanã – nanã – nanã  ⠀⠀⠀tan...

Melodia Mortal de Pedro Bandeira e Guido Carlos Levi

    Um grupo de 12 médicos com especializações diversas têm em comum o gosto pelo detetive mais famoso do mundo, o inglês Sherlock Holmes. Esse grupo se reúne para conversar abobrinhas, mas, principalmente, para investigar sobre a morte de compositores renomados. Como fez Sherlock em tempos passados. Os médicos Sherlockianos, consideram-se também investigadores. Afinal o que fazem os médicos senão investigar as causas de um mal relatado? E já que são investigadores, por que não aproveitar seus  conhecimentos para descobrir a causa da morte de Mozart, Schumann, Beethoven, por exemplo?       Será que houve um suicidou mesmo? Aquele grande compositor foi envenenado? Não foi   diabetes que vitimou aquele outro? A sífilis, não teria levado precocemente tão brilhante artista ?  As investigações anteriormente feitas por S.H e narradas por seu fiel admirador e auxiliar Watson foram conclusivas? O que esses médicos, agora com ma...