Vimos a lua nascer, na tarde clara. Orvalhavam diamantes, a tranças aéreas das ondas e as janelas abrira-se para florestas cheias de cigarras. Vimos também a nuvem nascer no fim do oeste. ninguém lhe dava importância. parece uma pena solta - diziam. Um flor desfolhada. Vimos a lua nascer, na tarde clara. Subia com seu diadema transparente, vagarosa, suportando tanta glória. Mas a nuvem pequena corria veloz pelo céu Reuniu exércitos de lã parda, levantou por todos os lados o alvoroto da sombra. Quando quisemos outra vez luar, ouvimos a chuva precipitar-se nas vidraças, e a floresta debater-se com o vento. Por detrás das nuvens, porém, sabíamos que durava, gloriosa e intacta, a lua. In: Flor de Poemas-1972, págs. 115/116 Imagem: nascer da lua cheia