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Mostrando postagens com o rótulo Varlam Shalámov

Irão Me Fuzilar Bem na Fronteira, Varlan Chalámov

  . Irão me fuzilar bem na fronteira, Dneprovski, um gulag de Kolimá. Foto: Emil Gataullin Bem na fronteira da consciência minha Meu sangue jorrará folhas inteiras, Algo que meus amigos angustia Quando uma estrada não dá mais pra achar No meio das montanhas que se espinham Amigos se despedem por demais, Vão proferindo uma sentença mínima .. Quando há incerteza e ânsia e não há ânimo Eu para a zona de terror irei, Obedientes eles vão mirando Enquanto eu fico sob a visão deles. .. Entretanto há guaritas de observação Que estão a serviço de seus próprios sonhos Eles vão através de seculares Frivolidades, acidentes, dores, .. Quando eu penetro numa zona assim, Já nem é minha mais: país estranho, Eles se portam pelas leis dali, As leis que existem neste nosso lado. .. Para que se encurtasse esta aflição, Para morrer, que é por demais possível, Fui dado pelas minhas próprias mãos Como nas mãos do atirador de elite. .. Меня застрелят на границе, Границе совести моей, И кровь моя зальет ...

A Noite, Varlam Shalámov

                          O jantar terminou. Gliébov lambeu a tigela demoradamente; juntou com cuidado as migalhas de pão da mesa na palma da mão esquerda, ergueu a mão até a boca e lambeu-a com zelo. Sem engolir, sentiu na boca como a saliva densa e ávida envolvia a bolinha de migalhas de pão. Gliébov não poderia dizer se isso era saboroso. Sabor era outra coisa, pobre demais em comparação com aquela sensação apaixonada e desprendida dada pela comida. Gliébov não tinha pressa de engolir: o próprio pão derretia na boca, e derretia rapidamente. Os olhos brilhantes e encovados de Bagrietsov olhavam fixamente para dentro da boca de Gliébov; não havia em ninguém força de vontade poderosa o bastante para fazer desviar os olhos da comida que desaparecia na boca de outro ser humano. Gliébov engoliu a saliva, e, no mesmo instante, Bagri...