Não é fácil estar confinado com uma criança. Faz dois meses que minha filha pede, todo dia, pra ir à praia. Na primeira vez, tentei explicar que não dava. “Filha, tá rolando uma pandemia, como é que eu vou explicar, um vírus que…” — daí me lembro que ela tem dois anos de idade. Tento resumir: “Não dá, é impossível”, e ela então começa a chorar, e lembro que é mais fácil explicar uma pandemia pra uma criança de dois anos do que dizer que “não dá, é impossível”. No desespero surge uma ideia. “Chegamos. Olha o mar ali.” E aponto o tapete azul. E ela vê o mar se erguer, e abre um sorriso. Basta. Desde então, quase todos os dias ela me diz: "Vamo pá paia?", e vai buscar o maiô, seu chapéu UV e sua cadeirinha de praia diminuta. Espalhamos almofadas pelo chão, nossa areia improvisada, e então ela abre a cadeirinha em frente ao tapete azul, que faz as...