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Mostrando postagens com o rótulo ciume.

O Patife, Nelson Rodrigues

Chegou, furioso: – Vem cá, Luzia, vem cá! Foi, com a noiva, para a varanda, sentou-se lá, e apanhando um cigarro, começou: – Quero saber de ti o seguinte, é verdade que viajaste, ontem, com o Chaves, de lotação? – Por quê? – Responde. Admitiu: – Viajei, sim. É verdade. Cantuária atira fora o cigarro: – Bem. O negócio é o seguinte, tu sabes que eu não sou ciumento, não sabes? – Sei. Continuou: – Pois é. Mas tudo tem um limite. E o meu limite é, justamente, o Chaves. Tu podes viajar, de lotação, com qualquer outro; viajar de bonde, de lotação e, até, de taioba. Mas o Chaves, não. Com o Chaves não quero. – Ué! Cantuária ergue-se. Em pé com as duas mãos enfiadas nos bolsos, disse a última palavra: – O Chaves é um canalha. Basta dizer o seguinte, não respeita nem as cunhadas! O miserável Espantada com a indignação do noivo, Luzia caiu na asneira de objetar: “Mas o Chaves parece tão bonzinho!” Foi um deus nos acuda. Diante da noiva em pânico, ele armou um barulho tremendo; e repetia: “Qualqu...

Segunda-feira poética: Carta de Idalzira Para Joan

Minha casa era hospedagem Dos que moravam por fora Homem, criança e senhora Faziam camaradagem Todos fizeram viagem Em busca de outro torrão Deixando meu coração Cheio de saudades somente De uma casa cheia de gente Só resta um gato e um cancão. Foram embora meus cunhados Meus sobrinhos, meus amigos Foram enfrentar os perigos Que existe em outros estados Hoje estão espalhados Me dando recordação Vivo nesta solidão Velha, cansada e doente De uma casa cheia de gente Só resta um gato e um cancão. Fomos quatro irmãos unidos Todos morando por perto Porém Jesus achou certo Que ficássemos divididos Por isto fomos escolhidos Para esta separação A mana do coração Foi embora primeiramente De uma casa cheia de gente Só resta um gato e um cancão. Também um filho casado Minha nora carregou Meus netos também levou Ac...