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Mostrando postagens com o rótulo Pernambuco

6 de Março Data Magna de Pernambuco

  A Revolução Pernambucana, ocorrida em 1817, foi o último movimento separatista do período colonial. Está relacionada com a crise socioeconômica que o Nordeste atravessava há quase um século em razão da desvalorização do comércio do açúcar e do algodão brasileiro no mercado externo. Além disso, a presença da família real portuguesa no Brasil aumentou o custo de vida em virtude da cobrança de impostos, o que causou revolta entre os pernambucanos. Os ideais republicanos também colaboraram para que a revolta acontecesse. O governo local foi tomado pelos revoltosos, mas as tropas fiéis ao governo central conseguiram derrotá-los" Causas da Revolução Pernambucana O Nordeste brasileiro, desde o século XVIII, com a expulsão dos holandeses, atravessou uma grave e longa crise econômica por causa da desvalorização do açúcar produzido na região no mercado europeu. Os holandeses aprenderam enquanto estiveram presentes no Brasil acerca do plantio e da colheita da cana-de-açúcar e levaram esse ...

Melhores Livros de Cada Estado Brasileiro, Região Nordeste

NORDESTE ALAGOAS Obra: “Vidas Secas” (1938), Graciliano Ramos Sinopse: A crueldade da seca e a vida miserável fazem com que uma família de retirantes sertanejos seja obrigada a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas do sertão brasileiro nordestino. O estilo seco de Graciliano Ramos parece transmitira aridez do ambiente e seus efeitos sobre as pessoas que ali estão. Pertencente à segunda fase modernista, conhecida como regionalista, esta é qualificada como uma das mais bem-sucedidas criações da época. (Amazon) Sugestão do blog: indico a leitura da obra do poeta e romancista alagoano Lêdo Ivo BAHIA Obra: “Capitães da Areia” (1937), Jorge Amado Enredo: Amado escreve sobre meninos abandonados que crescem nas ruas de Salvador e que cometem furtos para sobreviver. O líder do grupo é Pedro Bala, de 15 anos, filho de um estivador que morreu em uma greve. É um romance com forte crítica social. Outras recomendações:Gabriela Cravo e Canela e  Tereza Batista Cansada de Gue...

Cão Sem Plumas, João Cabral de Melo Neto (poema na íntegra)

A cidade é passada pelo rio como uma rua é passada por um cachorro; uma fruta por uma espada. O rio ora lembrava a língua mansa de um cão, ora o ventre triste de um cão, ora o outro rio de aquoso pano sujo dos olhos de um cão. Aquele rio era como um cão sem plumas. Nada sabia da chuva azul, da fonte cor-de-rosa, da água do copo de água, da água de cântaro, dos peixes de água, da brisa na água. Sabia dos caranguejos de lodo e ferrugem. Sabia da lama como de uma mucosa. Devia saber dos polvos. Sabia seguramente da mulher febril que habita as ostras. Aquele rio jamais se abre aos peixes, ao brilho, à inquietação de faca que há nos peixes. Jamais se abre em peixes. Abre-se em flores pobres e negras como negros. Abre-se numa flora suja e mais mendiga como são os mendigos negros. Abre-se em mangues de folhas duras e crespos como um negro. Liso como o ventre de uma cadela fecunda, o rio cresce sem nunca explodir. Tem, o rio, um parto fluente e invertebrado como o de uma cadela. E jamais o vi ...

Volta a Pernambuco, João Cabral de Melo Neto

     Em 1952 durante a ação de caça às bruxas no governo Vargas, João Cabral e mais quatro colegas foram acusados de subversão, graças a um "amigo" que, remexendo nas gavetas de seu escritório, encontrou o rascunho de uma carta dirigida a um deles.  Nessa carta, meu pai pedia um artigo sobre a disputa pelo mercado brasileiro entre os ingleses, alemães  e japoneses. Esse documento foi entregue pelo "amigo" que o subtraiu ao Itamaraty e acabou nas mãos de Carlos Lacerda, que o publicou em matéria de capa na  Tribuna de Imprensa, no dia 27  de junho do mesmo ano. entre outras barbaridades, o jornal afirmava:   a tipografia passou a servir para imprimir boletins de seus novos "amigos". Valéry já lhe parece uma expressão da burguesia decadente. E quando Moscou pela boca de Aragon, mandou adorar Victor Hugo, ele passou a considerar Victor Hugo seu mestre, o seu modelo. Seus versos estão agora repletos de alusões, são panfletários, ardentes e, por s...

Ela é de Pernambuco, é do leão do norte: Naíde Teodósio.

Data magna do estado de Pernambuco (6 de março) e Dia Internacional das Mulheres (8 de março), aproveitei para juntar dois orgulhos e trazer uma mulher à frente do tempo, que era feminista quando nem se falava nisso. Ela é de Pernambuco, é do leão do norte:      Nasceu em 6 de junho de 1915, em Sirinhaém, interior de Pernambuco. De família pobre, graças aos esforços do seu pai, Naíde conseguiu estudar na sua terra natal, interna no Colégio da Sagrada Família, que foi, para ela, sua iniciação no mundo do conhecimento e berço de sua formação ética e intelectual. É nesta fase de sua juventude que, estimulada pelo ambiente educacional em que vivia, aprende a ler e a falar bem o francês.       Aos 16 anos, acompanhada de duas irmãs mais novas, contrariando a vontade paterna, audaciosamente decidiu vir para o Recife, para trabalhar e estudar na concretização de um sonho, a de ser médica. Formou-se médica (1946)  pela Faculdade de Medicina do Recif...

Por Que Ler A Literatura Como Turismo?

          Sempre fiquei incomodada com a expressão arregalada e a voz cheia de admiração das pessoas dizendo:      - Você é filha de João Cabral!      Não sou "boazinha". Isso pode ser confirmado por quem me conhece. Então, a partir do dia em que ouvi essa frase pela enésima vez, comecei a perguntar a quem a proferia:      - Qual o poema dele que você prefere?      Depois de perguntar isso, instalava-se geralmente um silêncio incômodo  que me fez perceber que João Cabral era uma figura mítica, ensinado nas escolas e adotado nas provas  de literatura do vestibular, mas depois esquecido e nunca mais lido, a não ser por quem fizesse letras.      Essa reação me incomodava, porque tenho certeza de que, quando ele escrevia, fazendo com que eu e meus irmãos andássemos quase na ponta dos pés e falando baixo porque "seu pai está trabalhando", ...

Entre Marília e a Pátria, Frei Caneca

  Entre Marília e a pátria Coloquei meu coração: A pátria roubou-m'o todo; Marília que chore em vão. Quem passa a vida que eu passo, Não deve a morte temer; Com a morte não se assusta Quem está sempre a morrer. A medonha catadura Da morte feia e cruel, Do rosto só muda a cor Da pátria ao filho infiel.

A Volta, Marcos Cirano

Trinta e sete anos depois, quando voltei pela primeira vez a minha cidade, só então descobri que aquela já não era mais a minha cidade. De tudo o que ali deixei, quase nada mais existia. As pessoas, também quase todas, não eram aquelas mesmas pessoas com as quais eu vivera sonhos e fantasias, vitórias e derrotas, tristezas e glórias... E, foi aí que me abateu uma gelada melancolia... Não é que não havia grandes explosões de vida naquela cidade que agora eu encontrava. Nem que eu quisesse que tudo tivesse permanecido estático, exatamente igual como nos tempos de quando ali vivi. Não é isso!... É que eu gostaria que, pelo menos, algumas daquelas coisas que várias gerações passadas construíram (e foi com tanto sacrifício!) existissem para sempre – ou para quase sempre, como se estivessem ali a dizer: - Olhem, foi assim que tudo começou!... E o que hoje eu mais queria de volta da minha velha cidade?... Simples! Primeiro, eu gostaria que devolvessem o charmoso prédio do cinema...

Calem a Boca Nordestinos, José Barbosa Júnior.

O autor explica que escreveu o texto abaixo, depois que uma jovem fez uma declaração muito infeliz contra os nordestinos no Twitter, onde pedia,raivosa, que os nordestinos (entre outras coisas)  calassem a boca. Vamos à defesa do mineiro José Barbosa Júnior:  Os nordestinos devem ficar quietos! Cale a boca, povo do Nordeste! Que coisas boas vocês têm pra oferecer ao resto do país? Ou vocês pensam que são os bons só porque deram à literatura brasileira nomes como o do alagoano Graciliano Ramos, dos paraibanos José Lins do Rego e Ariano Suassuna, dos pernambucanos João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira, ou então dos cearenses José de Alencar e a maravilhosa Rachel de Queiroz? Só porque o Maranhão nos deu Gonçalves Dias, Aluisio Azevedo, Arthur Azevedo, Ferreira Gullar, José Louzeiro e Josué Montello, e o Ceará nos presenteou com José de Alencar e Patativa do Assaré e a Bahia em seus encantos nos deu como herança Jorge Amado, vocês pensam que podem tud...

Memórias do Boi Serapião,Carlos Pena Filho

Imagem: zardeandoemarte.blogsopt.com.br          A Aloísio Magalhães e José Meira Este campo, vasto e cinzento, não tem começo nem fim, nem de leve desconfia das coisas que vão em mim. Deve conhecer, apenas (porque são pecados nossos) o pó que cega meus olhos e a sede que rói meus ossos. No verão, quando não há capim na terra e milho no paiol solenemente mastigo areias, pedras e sol. Às vezes, nas longas tardes do quieto mês de dezembro vou a uma serra que sei ...