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Mostrando postagens com o rótulo Alberto Caeiro

Pastor Amoroso, Alberto Caeiro

O Pastor Amoroso Quando eu não te tinha  Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo...  Agora amo a Natureza  Como um monge calmo à Virgem Maria,  Religiosamente, a meu modo, como dantes,  Mas de outra maneira mais comovida e próxima.  Vejo melhor os rios quando vou contigo  Pelos campos até à beira dos rios;  Sentado a teu lado reparando nas nuvens  Reparo nelas melhor...  Tu não me tiraste a Natureza...  Tu não me mudaste a Natureza...  Trouxeste-me a Natureza para ao pé de mim.  Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,  Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,  Por tu me escolheres para te ter e te amar,  Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente  Sobre todas as cousas.  Não me arrependo do que fui outrora  Porque ainda o sou.  Só me arrependo de outrora te não ter amado.  II  Está alta no céu a lua e...

O Tejo é Mais Belo,Alberto Caeiro

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia. O Tejo tem grandes navios E navega nele ainda, Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, A memória das naus. O Tejo desce de Espanha E o Tejo entra no mar em Portugal. Toda a gente sabe isso. Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia E para onde ele vai E donde ele vem. E por isso, porque pertence a menos gente, É mais livre e maior o rio da minha aldeia. Pelo Tejo vai-se para o Mundo. Para além do Tejo há a América E a fortuna daqueles que a encontram. Ninguém nunca pensou no que há para além Do rio da minha aldeia. O rio da minha aldeia não faz pensar em nada. Quem está ao pé dele está só ao pé dele. Alberto Caeiro (08-03-1914) Fonte: Abilio Vieira

Fernando Pessoa, O que gosto dele?

Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia, Não há nada mais simples. Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte. Entre uma e outra todos os dias são meus. Fernando Pessoa/Alberto Caeiro; Poemas Inconjuntos; Escrito entre 1913-15; Publicado em Atena nº 5, Fevereiro de 1925 Livro Errante, não pretende "homenagear" Fernando Pessoa. Tudo já foi feito em todos os lugares e sempre, principalmente em seus muitos aniversários de morte e nascimento.        Então, já que os quatro,Alberto Caeiro,Ricardo Reis Álvaro de Campos capitaneados por Fernando Pessoa, tomaram para si todos os dias que vão de 13 de junho (1888 nascimento em Lisboa) até 30 de novembro (1935, morte em Lisboa), vamos também tomar este espaço, sem data para terminar. Coloque aqui, o que você gosta tanto desse múltiplo e tão fantástico português amado por todos.