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Hoje é dia de Cecília: Elegia a Uma Pequena Borboleta

Como chegavas do casulo, inacabada seda viva tuas antenas fios soltos da trama de que eras tecida, e teus olhos, dois grãos da noite de onde o teu mistério surgia, como caíste sobre o mundo inábil, na manhã tão clara, sem mãe, sem guia, sem conselho, e rolavas por uma escada como papel, penugem, poeira, com mais sonho e silêncio que asas, minha mão tosca te agarrou com uma dura, inocente culpa, e é cinza de lua teu corpo, meus dedos, sua sepultura. Já desfeita e ainda palpitante, expiras sem noção nenhuma. Ó bordado do véu do dia, transparente anêmona aérea! não leves meu rosto contigo: leva o pranto que te celebra, no olho precário em que te acabas, meu remorso ajoelhado leva!(...) Pudeste a etéreos paraísos ascender teu leve fantasma, e meu coração penitente ser a rosa desabrochada para servir-te mel e aroma, por toda a eternidade escrava! E as lágrimas que por ti choro fossem o orvalho desses campos, os espelhos...