Começo de tarde massacrante. Calor extremo, desalentador... Coração amarrado na saudade do meu canto, saudade da casa de minha avó, saudade do sítio de onde nunca imaginei sair. Deixo a escola, como de costume, e planos ardilosos correm pela minha cabeça. Hoje, nada nem ninguém conseguirá me impedir. Daqui a pouco boto o pé na estrada e, em menos de duas horas, chego ao meu reduto. Passo a noite lá, bem juntinho de minha avó. Amanhã bem cedo volto com o caminhão do leiteiro, e não perco a hora da escola. Devoro a comida numa rapidez assustadora. Aproveito que minha mãe conversa com a vizinha na cerca do fundo do quintal, escrevo um bilhete, deixo ao lado do prato e, a passos largos, sigo pela rua principal. Logo deixo a vila para trás, e sigo a estrada de terra. Eu caminho quase sempre com os olhos baixos. O sol é forte, e olhar adiante, visualizar aquela estrada imensa...