Olhando as águas que vencem a resistência das pedras, infiltrando-se nas frinchas rochosas, a correnteza conduz o olhar do observador aos locais de remanso, onde as pedras — generosas — quase que formam pequenos tanques nos quais as lavadeiras vêm tirar o seu sustento nas águas do Rio Vermelho. Quantas mulheres da Cidade de Goiás não recorreram às águas samaritanas do Rio Vermelho para tirar sustento para a família, depois que o marido migrou, em busca de sonhos; arranjou outra família, esquecendo a primeira; ou amasiou-se com a cachaça, entregando-se totalmente aos seus caprichos? Lavadeiras de Goiás Velho, mulheres-água. A lavadeira traz consigo a aura da penitência. Cumprem sina. Desafiam as dificuldades, os preconceitos, a carestia, os abandonos. Falta tudo à lavadeira, menos uma palavra bendita na boca, um “Deus abençoe!”, um “Deus lhe pague!”, e um “Bom dia!”, que vencem as trevas do pes...