Henrique, Emílio, Lorenzo. Estavam os três gelados: Henrique pelo mundo das camas; Emilio pelo mundo dos olhos e das feridas das mãos, Lorenzo pelo mundo das universidades sem telhados. Lorenzo, Emilio, Henrique. Estavam os três queimados: Lorenzo pelo mundo das folhas e das bolas de bilhar; Emílio pelo mundo do sangue e dos alfinetes brancos; Henrique pelo mundo dos mortos e dos jornais abandonados. Lorenzo, Emílio, Henrique. Estavam os três enterrados: Lorenzo em um seio de Flora; Emílio na hirta genebra que se esquece no copo; Henrique na formiga, no mar e nos olhos vazios dos pássaros. Lorenzo, Emílio, Henrique, foram os três em minhas mãos três montanhas chinesas, três sombras de cavalo, três paisagens de neve e uma cabana de açucenas pelos pombais onde a lua pousa plana sob o galo. Um e um e um. Estavam os três mumificados, com as moscas do inverno, com os tinteiros que o cão urina e o vilão despreza, com a brisa que gela o coração de todas as mães, pelas brancas quedas de Júpite...