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Mostrando postagens com o rótulo Porto Alegre

Reminiscências, Mário Quintana. (Poema por causa de uma enchente)

      Em 1941, o Guaiba, cuja cota de inundação é de 3m, subiu até 4,76m. Naquela época não havia algumas proteções que existem hoje e as águas chegaram à atual Rua dos Andradas e bairros próximos ao rio.  Mário Quintana morava nessa rua e ela à época se chamava Rua da Praia.  Sete anos (1948) após o que foi a maior catástrofe natural do Rio Grande do Sul, o poeta lançou o livro Sapato Florido Sapato Florido e, nele, Reminiscências, sobre a enchente que ele presenciou.   Veja o poema: " A enchente de 1941.  Entrava-se de barco pelo corredor da velha casa de cômodos onde eu morava. Tínhamos assim um rio só para nós. Um rio de portas a dentro. Que dias aqueles! E de noite não era preciso sonhar: pois não andava um barco de verdade assombrando os corredores? Foi também a época em que era absolutamente desnecessário fazer poemas". A Casa de Cultura Mário Quintana, antigo Hotel Magestic onde o poeta morou de 1968 até 1980, fica na rua dos Andradas e ...

Os Supridores, José Falero

     Procurando novos autores encontrei José Falero  e seu livro Os Supridores . Nunca tinha ouvido falar dele. Por curiosidade procurei saber quem era o autor do livro indicado no clube de leitura de minha filha. Procurávamos autores da Região Sul e José Falero é gaucho!! Li o livro e gostei.    Pedro e Marques são dois homens, como tantos, da periferia de Porto Alegre.  Trabalham como supridores* num supermercado.       Pedro é um pouco diferente: gosta de ler e faz isso diariamente nos ônibus que toma pra ir e vir do trabalho. Passou toda sua vida lendo, por isso é mais crítico e questionador. Realista, sabe o quão difícil é ascender socialmente sem já ter um pouco mais de dinheiro para morar, comer, vestir melhor. Consciente da injustiça de não poder ter esperança de sair da pobreza, Pedro decide "empreender":  traficar maconha. Somente maconha.Ingenuamente acredita em ficar traficar o suficiente para comprar uma casa bem c...

Canção do Primeiro Ano, Mário Quintana (inédito)

Pelas estradas antigas As horas vêm a cantar. As horas são raparigas, Entram na praça a dançar. As horas são raparigas… E a doce algazarra sua De rua em rua se ouvia. De casa em casa, na rua, Uma janela se abria. As horas são raparigas Lindas de ouvir e de olhar. A imagem ao lado é um manuscrito, descoberto por acaso por um livreiro de Porto Alegre. Trata-se de um  poema de Mário Quintana foi escrito em 1941.  Comprovada sua autenticidade a Associação dos Amigos da Biblioteca Pública do Rio Grande do Sul, adquiriu o poema e o livro onde ele foi encontrado e incorporou os dois a seu acervo.   O poema chama-se Canção do Primeiro Ano.  Veja abaixo a transcrição. As horas cantam cantigas E eu vivo só de momentos, Sou como as nuvens do céu… Prendi a rosa dos ventos Na fita do meu chapéu. Uma por uma, as janelas Se abriram de par em par. As horas são raparigas… Passam na rua a dançar. As horas são raparigas Lindas de ouvir e de olhar. As horas cantam cantigas E eu vivo só...

Para Degustação: O Pintor de Retratos, Luiz Antonio de Assis Brasil

     Ficou um ano em Rio Pardo. refez seu guarda-roupa. Comia bem, para esquecer-se da revolução; engordou onze quilos. De Montevidéu encomendou o material fotográfico francês, e trabalhava para quem lhe pagasse. Montou estúdio numa dependência alugada à casa canônica. Muitos notaram que ele percorria todas as tardes o caminho que ligava ao bordel. O vigário indignou-se quando soube desses hábitos de seu inquilino, mandou-o porta afora.      Procurou outro lugar, mas nenhum lhe pareceu bom. Foi a dona Moça quem lhe disse:       - Fosse eu, voltava para Porto Alegre      - Lá não me querem.      Ela então mandou saber algo pela irmã. A informação foi simples: com tantas preocupações políticas e revolucionárias, a cidade havia esquecido Sandro Lanari. Deveria confiar: a mana Antônia era prática nesses assuntos de sociedade e malquerenças.      Assim, e...

Maria Veléria Rezende, Uma Freira Escritora e Feminista.

   “Anote direitinho porque estou cega, mouca e fraca do juízo. Qualquer hora bato as botas”, brinca Maria Valéria Rezende.     Sobrinha-neta do poeta parnasiano Vicente de Carvalho, diz que uma de suas primeiras lembranças é a de escritores reunidos na casa de sua avó, em Santos, onde nasceu e foi criada. Aprendeu a ler sozinha, em francês. Estudou em um colégio de freiras e nunca pensou em se tornar escritora porque se encantou com as missões feitas pelas religiosas que eram suas professoras. Na faculdade, uniu-se a movimentos da juventude católica, conheceu a Teologia da Libertação e, em 1965, virou noviça. Faz parte da Congregação de Santo Agostinho, de religiosas educadoras de meninas e que não precisam usar hábito. “Quando éramos meninas, nos perguntavam se já tínhamos optado por ser freira ou por casar. Escolhi fazer os votos, que era muito mais divertido”, conta a irmã, entre uma baforada e outra de cigarro, hábito que mantém há 60 anos “...

Alguma Coisa Urgentemente, João Gilberto Noll

     Os primeiros anos de vida suscitaram em mim o gosto da aventura. O meu pai dizia não saber bem o porquê da existência e vivia mudando de trabalho, de mulher e de cidade. A característica mais marcante do meu pai era a sua rotatividade. Dizia-se filósofo sem livros, com uma única fortuna: o pensamento. Eu, no começo, achava meu pai tão-só um homem amargurado por ter sido abandonado por minha mãe quando eu era de colo. Morávamos então no alto da Rua Ramiro Barcelos, em Porto Alegre, meu pai me levava a passear todas manhãs na Praça Júlio de Castilhos e me ensinava os nomes das árvores, eu não gostava de ficar só nos nomes, gostava de saber as características de cada vegetal, a região de origem. Ele me dizia que o mundo não era só aquelas plantas, era também as pessoas que passavam e as que ficavam e que cada um tem o seu drama. Eu lhe ped...

Os Zoológicos Nunca me Convenceram, Flávia de Gusmão

Os zoológicos nunca me convenceram, nem quando eu era pequenininha. Uma excrescência nos dias atuais, depósitos de animais ali colocados para servir exclusivamente ao prazer que o ser humano encontra em observar o exótico, o diferente, sem com ele se misturar, defendido, protegido e separado por cercas e fossos. Minha última experiência do naipe remonta alguns anos, quando, por insistência de filhos e sobrinhos, durante uma estada em São Paulo, rendi-me aos apelos de visitar o exemplar daquela cidade, supostamente o melhor que havia no País.                Pode até ser, mas, ainda assim, tinha um defeito grave: era zoológico e, como tal, um museu de seres que sentem e se mexem. Jurei nunca mais, e nunca mais mesmo.Era verão e, só para reforçar, verão paulista, que em nada se compara ao nosso em termos de brisa. E aqui fazendo um adendo, acho uma graça danada quando os sulistas e sudestinos ameaçam achar um...

Ciclo da Águas, Moacyr Scliar - VIP 10

Ester, seu pai Mohel - homem que faz a circuncisão entre os judeus -o enigmático Mêndele, o famigerado Leiser, o apaixonado Rafael, a fiel Morena,o larápio Gatinho. Uma pequena aldeia na Polônia, Paris, buenos Aires e, finalmente, Porto Alegre. O Ciclo das Águas se fecha como o destino. vidas de judeus errantes que vonvergem, ao final, com dua fé com sua história e mais nada. Na saga de Ester, a prostituta, perpassam as tragédias e as alegrias. Mulheres que eram trazidas da Europa sob vários pretextos para, na verdade, se prostituirem na América. A América; sonho dourado de uns, pesadelo de outros. Com impecável técnica literária Moacyr Scliar conduz o leitor por mundos longíquos,geralmente duros, cheios de surpresas, aventuras e desventuras. A fé na religião que se dissolve nas águas. Uma história que mostra a história do povo judaico e sua diáspora. O ciclo das águas : ofertado no grupo VIP 10- na comunidade livro errante .

Ileará (nossa casa) Biblioteca muda a vida de moradores

Biblioteca muda vida de moradores de morro de Porto Alegre      O local enche o morro de histórias e fantasias e ensina palavras que não combinam com abandono e violência. A rima é outra.      Conheça um projeto simples, que nasceu no alto de um morro de Porto Alegre e que transformou a vida de muita gente. Os moradores desse pedacinho de Brasil começaram a sonhar.      Ao lado da cruz que deu nome à comunidade, a casinha colorida enche o morro de histórias e fantasias, ensina palavras que não combinam com abandono, violência e drogas, problemas de uma das áreas mais vulneráveis de Porto Alegre. No local, a rima é outra. Assim como se espera de uma geração de meninas e meninos, eles brincam, participam de rodas e se familiarizam com autores. A biblioteca se chama ileará, nome que significa ‘nossa casa’, em dialeto africano. São três mil livros,cem visitantes por dia e uma grande ambição. O sonho é fazer com que a bibliote...

Quarta-feira em poesia -

Errante Richardson Nochelli Quero viajar, me perder por esse Brasil, Ver as belezas, também as tristezas, Passar como um vento pelas casas, Pelos casosconhecer cada um, Cada qual em seu local.começo por cima,de aparência sem igual, Nordeste é meu destino pelas praias meu canal, Vou ver Lucila em Salvador,e quem sabe andar de elevador, Ver Tanandra em São Luís,ver o boi e ser feliz, Em Pernambuco a festa esquenta,tem Júlia, Renan e Regina, Generala, E é lá que primeiro o galo canta. Parto com dor no coração,mas vou para outra terra de encanto, Vou ver Márcia em Porto alegre, tomar chimarrão de bota e bombacha tchê, Visita isolada mas não menos festiva, Saio de lá já pensando em voltar. A caminho de São Paulo, decido ver o mar, É em Santos que encontro um amigo,mascarado mas nunca fingido, Encontro o Frank, Francisco (ou Chico), Passo em Piracicaba,encontro Aline, Amiga com aparência de longa data, Encontro também o rio, que um dia suas águas joga fora, Chegando...